Sexta, 13 de Junho de 2025
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CPI expõe transporte público em colapso: sucatas, abuso trabalhista e indignação popular

Ex-motoristas revelam à Câmara Municipal condições precárias e práticas desumanas no Consórcio Guaicurus

12/06/2025 às 11h46
Por: Tatiana Lemes
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Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Uma sequência de denúncias inquietantes sobre o transporte público de Campo Grande veio à tona durante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal. Relatos apresentados por ex-motoristas e funcionários evidenciam um cenário alarmante de precariedade e abuso no Consórcio Guaicurus, que gerencia a frota da cidade.

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Frota sem manutenção e superlotação

Definindo os ônibus como "sucatas", o ex-motorista Weslei Conrado Moreli, que atuou no consórcio entre 2019 e 2024, revelou que frequentemente conduzia veículos com falhas graves, como freios inoperantes e painéis de velocidade quebrados. Ele ainda relatou situações em que motoristas eram orientados a lotar os ônibus até o limite, comprometendo a segurança dos passageiros.

"Os ônibus pareciam verdadeiras latas de sardinha. A empresa não respeita o povo, entregando um serviço indigno", desabafou.

Elevadores quebrados destinados a cadeirantes também foram mencionados. Moreli afirmou ter enfrentado situações constrangedoras ao precisar informar passageiros com deficiência que o equipamento não funcionava, forçando-os a esperar outro veículo.

Jornada exaustiva e impacto na saúde

Além da precariedade dos veículos, Moreli destacou a sobrecarga de trabalho como um fator crítico. Segundo ele, jornadas de até 11 horas diárias eram comuns, com intervalos reduzidos a minutos em terminais. Ele afirmou que essas condições o levaram a problemas de saúde, o que contribuiu para sua decisão de deixar a empresa.

Relatos semelhantes foram apresentados por Gabriel da Silva Souza Almeida, ex-funcionário da bilhetagem. Ele descreveu um ambiente de trabalho degradante, com infiltrações, cadeiras inadequadas e sistemas de bilhetagem frequentemente inoperantes.

Denúncias de assédio moral

Gabriel ainda acusou o Consórcio Guaicurus de praticar assédio moral organizacional, uma estratégia para forçar pedidos de demissão voluntária por meio de pressões psicológicas e condições de trabalho insustentáveis.

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"Além de prestar um serviço de péssima qualidade, o consórcio fragiliza os direitos dos trabalhadores e explora ao máximo os seus empregados, afetando diretamente a qualidade do transporte oferecido à população", destacou.

Próximos passos

Os vereadores da CPI informaram que os depoimentos serão encaminhados ao Ministério Público do Trabalho (MPT-MS), buscando uma investigação rigorosa sobre as práticas do consórcio. As denúncias, segundo eles, reforçam a necessidade urgente de reformas estruturais no transporte público de Campo Grande.

As revelações levantam uma questão essencial: até que ponto as práticas empresariais inadequadas estão comprometendo o bem-estar dos trabalhadores e o direito da população a um transporte seguro e digno?

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*Com informações Correio do Estado

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