O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reagiu enfaticamente às insinuações de que sua entrevista à TV Record teria motivado a decisão do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de pautar a votação que derrubou o decreto do IOF. A movimentação, realizada na manhã desta quarta-feira (25), gerou desconforto dentro do Palácio do Planalto e expôs divisões na articulação política do governo.
Na entrevista, Haddad criticou a proposta de aumento no número de deputados de 513 para 531, já aprovada na Câmara e em votação no Senado. “Nenhum aumento de gasto é bem-vindo”, afirmou. Aliados do Planalto sugeriram que as declarações teriam irritado Motta, motivando a manobra inesperada na Câmara.
Haddad, porém, classificou a acusação como infundada. “A relação entre minha fala e a decisão de Motta não faz sentido. Falei que não devíamos contratar novos gastos com a Selic a 15% ao ano”, disse o ministro.
A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, repudiou as especulações internas. “Desautorizo categoricamente esses comentários”, afirmou em nota. O ministro da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, também negou que as declarações reflitam a posição oficial do governo.
Interlocutores próximos a Motta indicaram que o presidente da Câmara já estava insatisfeito com supostas críticas feitas por Haddad durante um jantar promovido pelo grupo Prerrogativas em 13 de junho. O ministro, no entanto, negou qualquer ofensa direcionada ao deputado.
Em mensagens a colegas parlamentares, Motta minimizou a surpresa da votação. “O texto é conhecido há semanas e não pegaria ninguém desprevenido”, afirmou.
A queda do decreto do IOF representa um revés significativo para o governo, intensificando as tensões entre o Ministério da Fazenda e a base aliada no Congresso. Com a articulação política sob escrutínio e disputas internas em evidência, a capacidade do Planalto de coordenar sua agenda legislativa parece mais desafiada do que nunca.
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*Com informações Metrópoles