Desde sua primeira campanha à presidência, Lula alimenta a pretensão de ampliar seu leque de aliados, mas acaba preso à lógica da esquerda e dos partidos que pouco garantem votos no Congresso. Em vez de se aproximar do centro político que hoje domina o cenário nacional, o presidente mantém no governo nomes do Centrão que, na prática, não asseguram a governabilidade nem ampliam sua base.
Historicamente, Lula jamais contou com uma coalizão sólida e ampla. Nas eleições de 1989 e 1994, mesmo com o apoio dos partidos de esquerda, foi derrotado por adversários que representavam maior estabilidade econômica e apoio popular, como Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso. Sua vitória só veio em 2002, quando o desgaste do Real abriu espaço para sua ascensão — ainda assim, com uma coalizão restrita e heterogênea, incluindo partidos hoje alinhados à direita.
Em 2022, Lula apresentou sua maior coligação, mas quase foi derrotado por Bolsonaro. A fragilidade da base do atual governo é clara e a próxima eleição já está à vista.
Mesmo consciente da nova configuração do poder, com um Congresso fortalecido e dono do orçamento, Lula persiste em apostar na velha estratégia do gueto da esquerda. O ministro Fernando Haddad tenta seguir o mesmo caminho, mas a resistência do governo diante da pluralidade política e a recusa em dialogar amplamente podem condená-los a uma derrota que já começa a se desenhar.
A arrogância de Lula não está só em sua autoconfiança, mas na cegueira política que o impede de perceber que, hoje, governar é negociar — e que a governabilidade exige mais do que discurso e alianças partidárias restritas. Sem isso, o futuro político do presidente parece incerto.
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*Com informações Metrópoles