Terça, 15 de Julho de 2025

Retaliação de Lula ao tarifaço de Trump pode custar caro à economia brasileira

Especialistas alertam para alta da inflação, freio no PIB e ambiente internacional mais hostil após resposta do governo ao ataque comercial dos EUA

11/07/2025 às 11h51
Por: Tatiana Lemes
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Foto: Reprodução
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A decisão do governo Lula de retaliar o tarifaço imposto pelos Estados Unidos pode sair mais cara do que o próprio aumento de 50% nas alíquotas sobre produtos brasileiros. Economistas apontam que a aplicação da Lei de Reciprocidade e o endurecimento da retórica com Washington têm potencial para agravar ainda mais o impasse diplomático e provocar efeitos diretos sobre inflação, juros e crescimento econômico.

Nesta quinta-feira (10), após acenar com negociação, o governo confirmou que adotará medidas provisórias de retaliação, amparadas pela legislação aprovada no Congresso em resposta ao gesto do presidente Donald Trump. O Palácio do Planalto também estuda levar o caso à Organização Mundial do Comércio (OMC).

A XP Investimentos chegou a prever, inicialmente, até um impacto deflacionário, caso o excedente das exportações represadas vá para o mercado interno. No entanto, com a retaliação confirmada, o cenário mudou: Trump ameaça dobrar a tarifa, para 100%, ampliando o risco de uma guerra comercial entre os países.

“A retaliação brasileira pode causar escalada de tensões, inflação e incertezas econômicas”, alerta Alessandra Ribeiro, diretora da Tendências Consultoria. A medida pode postergar o início do corte da taxa Selic, previsto para este ano, segundo análise da XP e do BTG Pactual.

Com a piora do ambiente global, as principais consultorias revisaram para baixo o crescimento do PIB brasileiro: o BTG estima queda de até 0,6 ponto percentual até 2026. A XP reduziu a projeção de crescimento para este ano de 2,5% para 2,2%, e a de 2026 para 1,2%.

O impacto será mais severo em setores de alto valor agregado, como aeronaves, etanol, produtos químicos e medicamentos. Analistas alertam que, com a retaliação, o Brasil pode perder mercados consolidados e enfrentar resistência para redirecionar suas exportações. Para o economista Alex Agostini, da Austin Rating, “Trump misturou política com comércio e abriu um novo front de instabilidade global”.

O governo Lula aposta que manter a firmeza contra os EUA pode reforçar sua imagem soberana, mas o preço pode ser alto: inflação em alta, PIB em queda e um clima internacional mais hostil para o Brasil.

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*Com informações Gazeta do Povo

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