Mesmo diante do bloqueio imposto pelos Estados Unidos, Mato Grosso do Sul não parou. O Estado, que exportou R$ 7,1 bilhões em carne bovina em 2024, vê agora seus frigoríficos enfrentarem o embargo com estratégia, foco no mercado asiático e manutenção dos preços da arroba do boi em patamares firmes.
O tarifaço de 50% anunciado pelo ex-presidente Donald Trump — que entra em vigor oficialmente no dia 1º de agosto — praticamente inviabilizou as exportações de carne bovina sul-mato-grossense aos EUA, que no ano passado compraram 49,6 mil toneladas do produto local, gerando R$ 1,3 bilhão em receita.
Mas, segundo o vice-presidente do Sincadems (Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de Mato Grosso do Sul), Alberto Sérgio Capucci, o setor já se adaptou. “Não há expectativa de retomada com os EUA, mas os frigoríficos estão redirecionando as vendas para a China, Oriente Médio e Chile. A arroba já mostra reação”, explicou.
Produção mantida e foco em outros mercados
Apesar da suspensão, não houve redução na produção em MS. As unidades seguem operando normalmente, com a carne sendo destinada a mercados alternativos. A China é hoje a principal compradora da carne bovina brasileira, respondendo por 49% das exportações. E o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) aponta que grandes indústrias já haviam previsto uma possível retaliação e estão movimentando suas operações entre países.
Thiago Bernardino de Carvalho, pesquisador do Cepea, afirma que parte da carne que seria exportada aos EUA pode ser absorvida pelo mercado interno, ajudando a reduzir preços ao consumidor. “É uma época de menor consumo e maior oferta. Isso cria uma pressão de baixa nos preços no atacado, mas a arroba do boi segue valorizada.”
Cotação da arroba sinaliza estabilidade
Mesmo com o bloqueio, a cotação da arroba no Estado segue firme. Para exportação à China, está sendo paga até R$ 300 (com impostos), e R$ 295,50 (sem). No mercado interno, a média é de R$ 292,65, de acordo com o Cepea. Na semana anterior, a arroba oscilava entre R$ 296,50 e R$ 300.
Governo de MS busca alternativas para driblar impacto
O Governo do Estado reconhece o impacto do tarifaço e já mobiliza esforços para mitigar as perdas. Em nota, a Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro) afirmou que "está intensificando a busca por novos mercados internacionais e ampliando o apoio aos produtores para adequação às exigências sanitárias e comerciais".
A nota também reforça que o Estado “possui um papel estratégico na cadeia produtiva nacional de carne bovina e continuará investindo na qualificação da produção, infraestrutura logística e apoio à exportação para garantir a competitividade dos frigoríficos sul-mato-grossenses”.
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*Com informações Midiamax