Sábado, 02 de Agosto de 2025

“Não nos acovardamos”: Moraes desafia Trump e mantém julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe

Ministro do STF ignora sanções dos EUA, promete julgamento implacável de Bolsonaro e aliados, e recebe apoio enfático de Barroso e Gilmar Mendes: “Brasil é soberano e merece respeito”

01/08/2025 às 12h23
Por: Tatiana Lemes
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Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Em um discurso histórico e carregado de simbolismo, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), reagiu com firmeza às sanções impostas pelo governo de Donald Trump e deixou claro: o julgamento de Jair Bolsonaro e seus aliados por tentativa de golpe em 2022 seguirá implacável.

Na reabertura do Judiciário nesta sexta-feira (1º/8), Moraes não apenas reiterou o andamento do processo, como desafiou publicamente qualquer tentativa de interferência externa no sistema de justiça brasileiro. “O rito irá ignorar as sanções praticadas. Este relator vai ignorar as sanções que foram aplicadas e vai continuar os julgamentos. Sempre de forma colegiada. Não nos acovardando diante de ameaças, sejam daqui, sejam de qualquer outro lugar”, declarou, em tom enfático.

A fala de Moraes vem dois dias após o governo Trump acionar a controversa Lei Magnitsky contra ele — suspendendo seu visto, de familiares e aliados — sob a alegação de perseguição política a Bolsonaro. O gesto causou forte reação institucional no Brasil.

Apesar da pressão externa, Moraes afirmou que o julgamento do ex-presidente e de outros 31 réus será concluído ainda no segundo semestre. “O STF vai dar uma resposta final a toda a sociedade. Uma resposta sobre quem e quais foram os responsáveis pela tentativa de golpe, inadmitindo interferência externa no Judiciário”, pontuou.

Reação institucional: “A soberania do Brasil não se negocia”

O presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, fez questão de posicionar o STF como defensor da democracia. Em sua fala, lembrou os horrores da ditadura e defendeu a atuação de Moraes. “Nem todos compreendem os riscos que o país correu. Nós somos um dos poucos casos no mundo em que um tribunal conseguiu evitar um grave ataque à democracia”, afirmou.

Gilmar Mendes também fez coro: “O ministro Alexandre tem prestado um serviço fundamental ao Estado brasileiro. Ataques à nossa atuação jurisdicional representam não apenas um desrespeito à nossa Corte, mas uma afronta à própria soberania de nosso país”.

Já o advogado-geral da União, Jorge Messias, foi direto: “O Brasil é Estado soberano e merece respeito. Não aceitamos que autoridades sejam ameaçadas”.

Sanções não barram julgamento: prazos continuam

Apesar do impacto político e diplomático, o processo contra Bolsonaro e os réus da tentativa de golpe segue sem interrupções. As defesas têm até 13 de agosto para apresentar suas alegações finais — última etapa antes do julgamento, previsto para setembro.

O núcleo central da acusação, liderado por Bolsonaro, inclui nomes como Braga Netto, Anderson Torres e Mauro Cid. A Procuradoria-Geral da República já se posicionou pela condenação de todos os integrantes e pediu a revisão dos benefícios concedidos a Cid, que firmou acordo de colaboração com a Polícia Federal.

Enquanto isso, do outro lado do hemisfério, Donald Trump — que pretende voltar à presidência dos EUA — dobrou a aposta, afirmando que o Brasil conduz uma “caça às bruxas” contra Bolsonaro. O ex-presidente americano ainda impôs tarifas de até 50% a produtos brasileiros como retaliação velada.

Mas Moraes foi categórico: “Sanções não dobrarão a Justiça brasileira”.

Com o Brasil em rota de colisão com a Casa Branca, o STF se prepara para o julgamento mais emblemático da história recente. E, ao que tudo indica, recuos não estão no script.

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*Com informaçoes Metrópoles

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