Terça, 05 de Agosto de 2025

Prisão de Bolsonaro agrava tensão com Trump e põe Brasil na mira de retaliações comerciais

Decisão de Alexandre de Moraes alimenta crise diplomática com os EUA e pode levar a sanções econômicas contra o Brasil, enquanto STF e governo Lula tentam minimizar impactos políticos

05/08/2025 às 09h37
Por: Tatiana Lemes
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Foto: Reprodução
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A decisão do ministro Alexandre de Moraes de decretar prisão domiciliar para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não apenas reacendeu a polarização interna no Brasil — ela também acendeu um pavio explosivo nas relações com os Estados Unidos. A repercussão internacional foi imediata, e a resposta veio em tom grave: o Departamento de Estado norte-americano, ligado ao entorno de Donald Trump, acusou Moraes de silenciar a oposição e ameaçar a democracia.

Em comunicado publicado poucas horas após a decisão judicial, os EUA afirmaram que “responsabilizarão todos aqueles que colaborarem ou facilitarem condutas sancionadas”, sugerindo a possibilidade de ampliar as penalidades da Lei Magnitsky, que já atinge Moraes por supostas violações de direitos humanos. Agora, os olhos se voltam para outros integrantes do STF e para o procurador-geral da República, Paulo Gonet, que também podem ser enquadrados como alvos potenciais das sanções.

Mas o impacto pode não parar por aí. A prisão de Bolsonaro surge no mesmo momento em que os EUA decidiram impor tarifas punitivas à Índia por sua relação comercial com a Rússia. O Brasil, que também importa diesel russo, passa a correr sérios riscos de retaliação comercial, especialmente se Trump — favorito nas pesquisas para retornar à Casa Branca — entender que o Brasil se alinha a interesses contrários aos seus.

A apreensão é clara: e se Trump decidir impor novas tarifas sobre produtos brasileiros? E se revogar isenções que hoje favorecem exportadores nacionais? A reação do ex-presidente americano ao “silenciamento” de Bolsonaro pode não ficar apenas no campo das palavras.

Moraes e Bolsonaro: uma disputa com efeitos internacionais

A atitude de Moraes, ao manter-se em rota de colisão com os EUA e não buscar reversão das sanções via Justiça americana, é vista por analistas como um gesto político calculado. O ministro parece disposto a usar o embate com Trump para reforçar sua imagem como defensor da soberania nacional — ao custo, no entanto, de colocar em risco interesses econômicos estratégicos do Brasil.

Já Bolsonaro, com a prisão domiciliar decretada sob argumento de desrespeito a medidas cautelares, vê-se alçado à condição de “mártir político” no discurso da direita. O PL e sua base exploram essa narrativa para mobilizar apoio e pressionar possíveis sucessores do ex-presidente. Para ambos — Moraes e Bolsonaro — o conflito parece ter mais utilidade do que o consenso.

Consequências à vista

A tensão não é apenas retórica. As próximas semanas serão decisivas para saber se Washington adotará sanções adicionais, e se empresários brasileiros pagarão o preço de uma crise política travestida de confronto institucional. O temor é que a diplomacia comercial brasileira seja atropelada por uma disputa de protagonismos que extrapola fronteiras e ideologias.

Enquanto isso, os bastidores do STF e do Palácio do Planalto trabalham para conter os danos — ainda que silenciosamente. O Brasil está, mais uma vez, à beira de ser usado como palco de um jogo geopolítico no qual perde quem menos deveria: o cidadão comum.

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*Com informações Metrópoles

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