A decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes de incluir o pastor Silas Malafaia no mesmo inquérito que investiga o ex-presidente Jair Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro e o jornalista Paulo Figueiredo acendeu duras críticas em diversos setores da sociedade. Para líderes evangélicos, juristas e parlamentares, o ato extrapola os limites da Justiça e transforma a liberdade de opinião em alvo de criminalização.
O advogado e ex-ministro Fábio Wajngarten reagiu com indignação e afirmou que a medida só fortalece a imagem do pastor. “Quanto maior a perseguição, mais eu gostaria de ver um terrivelmente evangélico na Presidência. Campanha de graça, orgânica, em todas as igrejas, templos e centros religiosos do Brasil. Já pensaram? Quem topa?”, ironizou.
A repercussão foi imediata. Wilton Acosta, atual presidente do Conselho de Pastores de Mato Grosso do Sul, ex-presidente da Fenasp e idealizador da Concepab, declarou que Malafaia é hoje a única liderança evangélica credenciada para eventualmente disputar a Presidência. Já a Concepab (Conferação dos Conselhos de Pastores e Líderes Evangélicos do Brasil) e a Fenasp (Fórum Evangélico Nacional de Ação Social e Política) divulgaram nota conjunta de solidariedade, classificando a inclusão do pastor como “injusta” e “imprópria”.
No mesmo tom, o Conselho Interdenominacional de Ministros Evangélicos do Brasil (Cimeb) lançou neste domingo (17) uma nota pública de repúdio. O documento alerta que a decisão “ultrapassa o âmbito político e atinge também a esfera religiosa”, representando grave ameaça ao Estado Democrático de Direito. “A liberdade de expressão e a liberdade religiosa são inegociáveis no Brasil, como garante a Constituição”, reforça o texto, assinado por dezenas de líderes evangélicos.
O senador Magno Malta também se manifestou: “Silas Malafaia não é político; é um ministro de Deus, um homem que ama o Brasil e que nunca cometeu crime algum. Sempre esteve nas ruas em defesa da família, da liberdade e da democracia. Como seu amigo e irmão em Cristo, afirmo: estarei sempre ao seu lado.”
Mesmo em meio à polêmica, o próprio Silas Malafaia negou qualquer intenção de se candidatar, destacando que sua atuação se dá como líder espiritual e voz de influência, e não como político.
A inclusão do pastor no inquérito, sob a justificativa de suposta obstrução de apuração no processo da chamada “tentativa de golpe”, é vista como um abuso de poder que tensiona ainda mais o ambiente político e religioso do país. Ao colocar no mesmo patamar um ex-presidente, parlamentares e um líder religioso, Moraes abre espaço para a crítica de que o STF avança sobre campos onde a Constituição é clara: a opinião não pode ser tratada como crime, e a fé não pode ser alvo de perseguição judicial.
A questão agora vai além do nome de Malafaia: está em jogo a própria definição dos limites da democracia brasileira e até onde o Judiciário pode ir sem atropelar a liberdade individual.
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