Quinta, 11 de Setembro de 2025

Condenação de Bolsonaro pode acirrar retaliações dos EUA e colocar economia brasileira em alerta máximo

Especialistas apontam riscos de sanções, tarifas e impacto financeiro imediato diante de crise política internacional

11/09/2025 às 12h45
Por: Tatiana Lemes
Compartilhe:
Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

A possível condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo Tribunal Federal (STF) projeta um cenário de tensão internacional e ameaça direta à estabilidade econômica do Brasil. Analistas alertam que os Estados Unidos podem intensificar retaliações, impactando desde o mercado financeiro até setores estratégicos da economia nacional.

O alerta surge em meio a declarações do ex-presidente norte-americano Donald Trump, que classifica o julgamento no STF como uma perseguição antidemocrática a Bolsonaro e à direita brasileira. A tensão entre Brasília e Washington já se manifesta em medidas concretas: em junho, a Casa Branca impôs tarifas de pelo menos 50% sobre a maioria dos produtos brasileiros e incluiu o ministro do STF Alexandre de Moraes na chamada Lei Magnitsky, que permite sanções a estrangeiros envolvidos em corrupção ou violações de direitos humanos.

O efeito dessas medidas já é visível. Em agosto, primeiro mês de vigência do tarifaço, as exportações brasileiras para os EUA caíram 18,5%, reforçando o impacto imediato no comércio bilateral. Segundo especialistas consultados, uma eventual condenação de Bolsonaro poderia gerar queda no Ibovespa, alta do dólar e aumento dos juros futuros, elevando o custo do crédito e pressionando consumidores e empresas.

"Se houver condenação, o mercado prevê retaliações diretas do governo Trump, que podem atingir empresas e indivíduos, especialmente através da Lei Magnitsky", alerta Gabriel Mollo, analista de investimentos da Daycoval Corretora.

Sanções e dilemas para o sistema financeiro

Consultorias internacionais, como a Eurasia Group, avaliam que novas sanções individuais são a medida mais provável. A lista de autoridades brasileiras que poderiam sofrer restrições deve crescer, criando um dilema operacional para bancos que atuam nos Estados Unidos. Se respeitarem a legislação americana, correm o risco de penalidades severas; se seguirem decisões judiciais brasileiras, podem ser punidos no país. "Não dá para servir a dois senhores ao mesmo tempo", resume Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central.

Entre as medidas mais extremas, cogita-se até sancionar diretamente o Banco do Brasil, principal banco estatal, ou classificar organizações criminosas como terroristas, o que ampliaria os riscos de compliance para instituições financeiras. Em níveis menos prováveis, novas tarifas comerciais ou restrições à transferência de tecnologia podem ser aplicadas. O cenário mais extremo, porém improvável, seria a exclusão do Brasil do sistema Swift, isolando o país do mercado financeiro internacional – algo que já ocorreu com a Rússia em 2022.

Retaliação e contramedidas brasileiras

O governo brasileiro estuda medidas de resposta proporcional, como tributação sobre empresas norte-americanas, restrições a serviços digitais ou regulação mais rigorosa de redes sociais. No entanto, especialistas alertam que tarifas comerciais recíprocas seriam complexas, demandando meses de análises técnicas e estudos detalhados, sem contar que poderiam provocar escalada imediata das sanções americanas.

Segundo Alessandra Ribeiro, da Tendências Consultoria, um aumento de tarifas para 100% inviabilizaria completamente as exportações brasileiras para os EUA. Já Fábio Murad, economista, observa que o Brasil mantém posição estratégica no fornecimento global de alimentos, energia e minerais, reduzindo o impacto estrutural de sanções econômicas pontuais.

Impactos no mercado doméstico e confiança do investidor

Para analistas, os efeitos dependerão de como Brasil e EUA administrarem a crise política e diplomática. "Se o país se mostra politicamente frágil, o mercado reage rapidamente, elevando o dólar e a volatilidade da Bolsa, o que chega ao bolso do consumidor", explica Adriana Ricci, da SHS Investimentos.

Nos próximos meses, investidores e autoridades acompanharão não apenas o desfecho do julgamento, mas também a capacidade dos governos brasileiro e americano de manter relações bilaterais equilibradas, evitando danos econômicos severos em um momento já delicado para a economia nacional.

Receba as principais notícias do Brasil pelo WhatsApp. Clique aqui para entrar na lista VIP do WK Notícias. 

*Com informações Gazeta do Povo

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários