O presidente Donald Trump escolheu Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA, para conduzir as negociações bilaterais com o Brasil, confirmando nesta segunda-feira (6) um gesto que especialistas interpretam como um recado direto e contundente ao governo Lula. A decisão ocorre após uma conversa de 30 minutos entre os dois presidentes, na qual Lula pediu a retirada de tarifas sobre produtos brasileiros e a suspensão de sanções, incluindo a Lei Magnitsky aplicada ao ministro do STF Alexandre de Moraes e sua esposa, Viviane Barci.
Para analistas, a escolha de Rubio é a pior notícia possível para o Planalto. O editor da Americas Quarterly, Brian Winter, alertou que o secretário é um crítico histórico de Lula, conhecido por impor exigências severas em temas como Venezuela, China e alinhamentos geopolíticos, tornando qualquer negociação mais dura e politicamente complicada.
O cientista político Nauê Bernardo Azevedo reforça: Rubio tem peso político e ideológico, além de proximidade com a família Bolsonaro, mas sua influência depende da vontade direta de Trump. Mesmo assim, ressalta ele, a presença do secretário não elimina riscos de pressão ideológica e exigências pesadas para o Brasil.
Segundo o economista João Gabriel Araujo, a nomeação também mostra que os EUA não abrirão mão de proteger seus interesses estratégicos, mantendo sanções e impondo condições, especialmente sobre minerais críticos e tecnologia, áreas sensíveis à economia brasileira.
Linha-dura contra a esquerda e o Planalto
Marco Rubio, 54 anos, é símbolo da ala anticomunista do Partido Republicano e tem histórico de combate a governos de esquerda na América Latina. No Senado, foi autor de sanções contra Maduro, Cuba e Nicarágua e denunciou o Mais Médicos como exploração do regime cubano, revogando vistos de autoridades brasileiras, incluindo o ministro da Saúde Padilha.
Rubio não esconde sua hostilidade ao governo Lula, já chamando o presidente de “líder de extrema esquerda que encobre o narco-regime de Maduro” e condenando decisões do STF como censura política.
Oposição vibra e vê recado claro
No Brasil, parlamentares da oposição comemoraram a nomeação como uma pressão direta sobre o Planalto. Eduardo Bolsonaro (PL-SP) classificou Rubio como “golaço”, Flávio Bolsonaro (PL-RJ) falou em oportunidade de confrontar o socialismo, e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) disse se tratar de “jogada de mestre” de Trump.
A entrada de Rubio marca uma fase explosiva nas relações Brasil-EUA, com negociações que prometem ser tensas, exigentes e potencialmente humilhantes para o governo Lula, testando não apenas a diplomacia, mas também a paciência do Planalto frente à linha-dura americana.
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*Com informações Gazeta do Povo