Um homem, identificado nesta reportagem como João, foi mantido refém por cerca de 22 horas na zona leste de São Paulo após cair no chamado “golpe do amor”, sofrendo ameaças com arma de fogo e tendo um prejuízo superior a R$ 60 mil em empréstimos, transferências e compras indevidas. O caso ocorreu no início de setembro, pouco mais de dois meses após o latrocínio do sargento da PM André Paulo Marcone, que, segundo a Polícia Civil, foi vítima do mesmo trio criminoso.
De acordo com o delegado Ricardo Grativol, do 69º Distrito Policial (Teotônio Vilela), a dinâmica e a localização das ocorrências indicam que os crimes estão relacionados. João reconheceu os suspeitos presos na última quinta-feira (9): Otavio Washington Menezes de Oliveira, 25 anos, e Vitor Luiz Motta da Silva, 28 anos, acusados de integrar o trio que aplica o golpe e investigados também pelo homicídio do sargento Marcone.
Segundo relatos, João começou a conversar com uma mulher pelo aplicativo Tinder em agosto e, após alguns dias de troca de mensagens, marcou um encontro em Cidade Tiradentes. Ao chegar ao local, foi abordado pelos criminosos, levado a um carro e posteriormente a um cativeiro não identificado, onde permaneceu sob a mira de uma arma de fogo, sofreu ameaças de morte e foi obrigado a fornecer senhas de contas bancárias e serviços de compras online.
Os suspeitos aplicaram golpes como transferências via Pix para terceiros, empréstimos em nome da vítima e compras indevidas, totalizando cerca de R$ 60 mil, valor que até agora não foi recuperado. João relatou traumas psicológicos, incluindo sintomas de síndrome do pânico, que o impedem de sair sozinho às ruas. Ele também afirma que não pretende mais utilizar aplicativos de relacionamento.
Segundo o delegado Grativol, o grupo é “extremamente violento” e utiliza intimidação psicológica para manter o controle sobre as vítimas. Perfis nas redes sociais mostram os criminosos ostentando bebidas, armas e motos, além de disparos para o alto. A investigação aponta que a organização criminosa atua em células, não se restringindo à capital paulista e podendo atingir a região metropolitana e interior do estado.
A Polícia Civil acredita que ainda há outras vítimas a serem identificadas e que o esquema é mais amplo do que os casos descobertos até o momento. O delegado reforça que a investigação está no início, mas classifica o grupo como uma rede criminosa estruturada e perigosa, capaz de causar prejuízos financeiros e traumas profundos às pessoas atingidas.
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*Com informações Metrópoles