A Caixa Econômica Federal anunciou nesta sexta-feira (10) uma reformulação no crédito habitacional voltada principalmente à classe média, deixando evidente o descaso histórico com famílias de baixa renda. O novo modelo destina 80% dos financiamentos a imóveis maiores, de até R$ 2,25 milhões, atendendo brasileiros que ganham acima de R$ 12 mil — uma parcela da população que já tinha acesso a financiamentos privados.
O anúncio foi feito durante o evento Incorpora 2025, em São Paulo, e reforça a tendência do governo de priorizar a classe média em detrimento de quem mais precisa. Profissionais como bancários, professores e metalúrgicos agora terão acesso facilitado a casas maiores e em locais mais valorizados, enquanto trabalhadores de baixa renda seguem dependendo do programa Minha Casa, Minha Vida, com financiamento limitado e juros menores.
Especialistas alertam que, embora a medida possa aquecer o setor imobiliário e gerar lucro para o mercado, ela não resolve o problema estrutural da falta de moradias para os mais pobres. “O governo concentra recursos da poupança em quem já tem condições de arcar com crédito, enquanto famílias vulneráveis continuam excluídas do acesso à moradia digna”, criticou um analista do setor.
O novo modelo também elimina os depósitos compulsórios sobre a poupança, permitindo que os bancos utilizem integralmente os recursos captados para financiamento habitacional, aumentando o crédito para a classe média, mas sem expandir programas sociais voltados aos mais necessitados. A previsão é que a Caixa financie cerca de 80 mil novas moradias até 2026, todas dentro da faixa de renda privilegiada.
Com a medida, o governo amplia o teto do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), mas mantém os desafios para quem ainda depende do Estado para sair do aluguel ou conquistar a casa própria. A crítica é clara: enquanto a classe média é contemplada, os mais pobres permanecem à margem das políticas habitacionais.
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