
O dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, afirmou que militantes do movimento em toda a América Latina estão se preparando para ir à Venezuela em solidariedade ao governo de Nicolás Maduro, em meio à escalada de tensão com os Estados Unidos.
A mobilização foi definida durante o Congresso Mundial em Defesa da Mãe Terra, realizado entre os dias 8 e 10 de outubro em Caracas, com delegações de 65 países. Em discurso no evento, Stédile fez declarações de forte tom beligerante:
“Aos gringos, não se atrevam a entrar na Venezuela, porque todos nós cerramos fileiras e estaremos com vocês. Contem com o povo brasileiro, de Guatemala, Uruguai. Estaremos lutando até que o último marinheiro volte para alguma tumba em seu próprio país. Viva Hugo Chávez, viva o povo da Venezuela, viva a unidade dos povos.”
Apesar da ameaça, Stédile reconheceu à Rádio Brasil de Fato que as brigadas do MST não possuem treinamento militar, mas disse que poderiam atuar de outras formas: “Fazer mil e uma coisas, desde plantar feijão e fazer comida para os soldados a estar ao lado do povo se houver uma invasão militar dos Estados Unidos.”
O MST já mantém algumas brigadas na Venezuela voltadas à produção agroecológica, e agora busca organizar “brigadas internacionalistas de militantes de cada país” para prestar apoio direto à população e ao governo venezuelano, segundo Stédile.
A mobilização ocorre em meio a ações militares inéditas dos EUA no mar do Caribe, destruição de embarcações supostamente ligadas ao narcotráfico e autorização da CIA para operações dentro da Venezuela. O The New York Times informou que Trump também autorizou medidas visando a derrubada do governo de Maduro, aumentando a tensão na região.
A posição do MST e de Stédile aumenta o clima de alerta diplomático e evidencia a disposição de movimentos sociais da América Latina em intervir politicamente em conflitos internacionais, mesmo sem preparo militar formal.