O ministro Alexandre de Moraes não deixou espaço para dúvidas: seis dos sete réus do chamado “núcleo da desinformação” participaram ativamente da máquina de fake news que tentou desacreditar as urnas eletrônicas e abrir caminho para o golpe de Estado planejado após as eleições de 2022. O relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF) classificou as provas apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como “claras e incontestáveis” e apontou o envolvimento direto de militares e agentes públicos no esquema.
“Já houve comprovação da materialidade dos fatos. Este é o núcleo da desinformação, que agiu com o mesmo modus operandi das milícias digitais visando a ruptura institucional para um golpe de Estado”, afirmou Moraes, em voto firme nesta terça-feira (21).
Segundo o ministro, o grupo utilizou a estrutura do Estado, inclusive da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), para fabricar e espalhar mentiras sobre as urnas eletrônicas, com o objetivo de desacreditar a Justiça Eleitoral e impedir a posse do presidente democraticamente eleito. “É uma falácia criminosa e antidemocrática dizer que atacar o Judiciário é liberdade de expressão. Isso é crime”, reforçou.
Entre os acusados estão o ex-major do Exército Ailton Barros — que se apresentava como o “01 do Bolsonaro” —, o major da reserva Ângelo Denicoli, o subtenente Giancarlo Rodrigues, o tenente-coronel Guilherme Almeida, o agente da Polícia Federal Marcelo Bormevet e o coronel Reginaldo Vieira de Abreu. Todos são apontados como peças-chave na engrenagem digital que sustentou a narrativa fraudulenta de supostas irregularidades nas urnas.
Moraes citou ainda treze episódios entre 2021 e o fatídico 8 de janeiro de 2023 que evidenciam a escalada da conspiração, desde a produção de relatórios falsos até a convocação de atos golpistas. O ministro voltou a afirmar que o ex-presidente Jair Bolsonaro exerceu papel de liderança na organização criminosa.
Os réus respondem por cinco crimes graves, incluindo organização criminosa armada e golpe de Estado. Após o voto de Moraes, o julgamento segue com os ministros Cristiano Zanin, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Flávio Dino.
A expectativa é de que a Primeira Turma do STF conclua o julgamento ainda nesta terça-feira — um passo decisivo na responsabilização dos que usaram fardas e cargos públicos para tentar destruir a democracia.
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*Com informações Metrópoles