Sábado, 13 de Dezembro de 2025
Publicidade

Moraes enquadra militares como articuladores de fake news e liga grupo da desinformação à tentativa de golpe de Bolsonaro

Ministro do STF afirma que seis réus usaram estrutura do Estado para atacar urnas eletrônicas e alimentar plano golpista após derrota do ex-presidente

21/10/2025 às 10h51
Por: Tatiana Lemes
Compartilhe:
Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

O ministro Alexandre de Moraes não deixou espaço para dúvidas: seis dos sete réus do chamado “núcleo da desinformação” participaram ativamente da máquina de fake news que tentou desacreditar as urnas eletrônicas e abrir caminho para o golpe de Estado planejado após as eleições de 2022. O relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF) classificou as provas apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como “claras e incontestáveis” e apontou o envolvimento direto de militares e agentes públicos no esquema.

“Já houve comprovação da materialidade dos fatos. Este é o núcleo da desinformação, que agiu com o mesmo modus operandi das milícias digitais visando a ruptura institucional para um golpe de Estado”, afirmou Moraes, em voto firme nesta terça-feira (21).

Segundo o ministro, o grupo utilizou a estrutura do Estado, inclusive da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), para fabricar e espalhar mentiras sobre as urnas eletrônicas, com o objetivo de desacreditar a Justiça Eleitoral e impedir a posse do presidente democraticamente eleito. “É uma falácia criminosa e antidemocrática dizer que atacar o Judiciário é liberdade de expressão. Isso é crime”, reforçou.

Entre os acusados estão o ex-major do Exército Ailton Barros — que se apresentava como o “01 do Bolsonaro” —, o major da reserva Ângelo Denicoli, o subtenente Giancarlo Rodrigues, o tenente-coronel Guilherme Almeida, o agente da Polícia Federal Marcelo Bormevet e o coronel Reginaldo Vieira de Abreu. Todos são apontados como peças-chave na engrenagem digital que sustentou a narrativa fraudulenta de supostas irregularidades nas urnas.

Moraes citou ainda treze episódios entre 2021 e o fatídico 8 de janeiro de 2023 que evidenciam a escalada da conspiração, desde a produção de relatórios falsos até a convocação de atos golpistas. O ministro voltou a afirmar que o ex-presidente Jair Bolsonaro exerceu papel de liderança na organização criminosa.

Os réus respondem por cinco crimes graves, incluindo organização criminosa armada e golpe de Estado. Após o voto de Moraes, o julgamento segue com os ministros Cristiano Zanin, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Flávio Dino.

A expectativa é de que a Primeira Turma do STF conclua o julgamento ainda nesta terça-feira — um passo decisivo na responsabilização dos que usaram fardas e cargos públicos para tentar destruir a democracia.

Receba as principais notícias do Brasil pelo WhatsApp. Clique aqui para entrar na lista VIP do WK Notícias. 

*Com informações Metrópoles

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários
Quando a Justiça abandona os fatos: audiência de custódia transforma hipóteses em provas contra Bolsonaro
Política Há 3 semanas Em Brasil

Quando a Justiça abandona os fatos: audiência de custódia transforma hipóteses em provas contra Bolsonaro

A manutenção da prisão preventiva de Jair Bolsonaro expôs um movimento preocupante: a substituição de fatos por suposições como base para decisões judiciais. Mesmo após esclarecer tecnicamente a questão da tornozeleira e negar qualquer intenção de fuga, a audiência de custódia tratou cenários hipotéticos como verdades consolidadas. O resultado é uma medida extrema sustentada mais pelo ambiente político e midiático do que por elementos concretos.
A Cortina de Fumaça da Tornozeleira: o enredo oculto por trás da prisão de Bolsonaro
Política Há 3 semanas Em Brasil

A Cortina de Fumaça da Tornozeleira: o enredo oculto por trás da prisão de Bolsonaro

Enquanto manchetes repetem uma versão simplificada, os documentos, a cronologia e o silêncio sobre relações sensíveis revelam que a tornozeleira pode ter sido apenas o álibi conveniente para uma decisão já tomada.
O silêncio ensurdecedor sobre o Banco Master: por que ninguém pergunta sobre a ligação com a família de Alexandre de Moraes?
Política Há 3 semanas Em Brasil

O silêncio ensurdecedor sobre o Banco Master: por que ninguém pergunta sobre a ligação com a família de Alexandre de Moraes?

Enquanto o debate nacional se concentra na tornozeleira de Bolsonaro, relações profissionais sensíveis entre parentes do ministro do STF e um grande banqueiro seguem intocadas. É apenas coincidência — ou parte de uma cortina de fumaça muito conveniente?
 Crise BRB–Banco Master se agrava: liquidação, afastamentos e a missão de Temer expondo fragilidade política para Celina e Ibaneis.
BANCO MASTER Há 4 semanas Em Brasil

Crise BRB–Banco Master se agrava: liquidação, afastamentos e a missão de Temer expondo fragilidade política para Celina e Ibaneis.

Após a prisão do controlador do Banco Master e a liquidação da instituição pelo Banco Central, veio à tona que o ex-presidente Michel Temer foi contratado pelo banco para tentar negociar uma solução com o BC. O escândalo levou ao afastamento da cúpula do BRB, alimentou pedidos de CPI e pode ampliar o desgaste político para Celina Leão e Ibaneis Rocha no DF.