
A nova pesquisa do IBGE mostra que, embora o Brasil registre queda na taxa de desemprego, o comportamento do mercado de trabalho não é uniforme. Enquanto regiões ainda enfrentam dificuldade em recuperar postos formais, alguns estados têm se destacado de maneira consistente — e o Mato Grosso do Sul está entre eles.
Com índices de desocupação entre os mais baixos do país, o MS se consolida como um dos líderes nacionais na geração de empregos formais. Esse resultado, porém, não pode ser atribuído exclusivamente ao governo federal. O desempenho sul-mato-grossense decorre principalmente de políticas regionais bem estruturadas, investimentos privados contínuos, diversificação econômica e uma gestão estadual que, nas últimas duas administrações — Reinaldo Azambuja e Eduardo Riedel — consolidou um ambiente de negócios robusto e atrativo.
Para entender o que impulsiona esse resultado, WK Notícias entrevistou Wilton Acosta, ex-presidente da Fundação do Trabalho de MS (Funtrab) e ex-subsecretário de Atendimento ao Empregador e ao Trabalhador do Governo do Distrito Federal.
A seguir, a entrevista completa:
ENTREVISTA
1. O IBGE acaba de divulgar que o Brasil registrou queda no desemprego e que alguns estados, como Mato Grosso do Sul, estão entre os que mais geraram emprego. Quais fatores estruturais explicam esse movimento nacional?
Wilton Acosta:
“Quando o IBGE aponta melhora na ocupação, precisamos observar três vetores simultâneos: o comportamento da economia, a reorganização das cadeias produtivas e as políticas públicas adotadas por cada estado. No plano nacional, houve um aumento das atividades industriais e de serviços, puxados pelo consumo interno e pelos investimentos logísticos e agroindustriais.
O agronegócio continua sendo um dos pilares, mas o setor de serviços foi o que mais abriu vagas nos últimos trimestres, especialmente em áreas como comércio, transportes, tecnologia e turismo. Outro ponto é o avanço das micro e pequenas empresas, responsáveis pela maior parte dos empregos formais no país.”
2. O Mato Grosso do Sul aparece novamente entre os estados com os menores índices de desocupação. O que diferencia o estado dos demais?
Wilton Acosta:
“O MS se tornou um estado com forte capacidade de geração de empregos porque conseguiu alinhar vocação econômica com planejamento. O agronegócio é a espinha dorsal, mas o fator determinante é a diversificação produtiva: celulose, etanol de milho, frigoríficos, bioenergia, logística, turismo e serviços.
Outro diferencial é a interiorização das oportunidades — não está tudo concentrado na capital. Cidades como Três Lagoas, Dourados, Chapadão, Maracaju e Rio Brilhante se tornaram polos econômicos relevantes.”
3. Em sua visão, quais políticas públicas foram decisivas para que o MS alcançasse esse desempenho no emprego?
Wilton Acosta:
“Três políticas públicas foram fundamentais:
Incentivos fiscais vinculados à geração de empregos;
Qualificação profissional integrada à demanda das empresas;
Desburocratização para abertura e ampliação de negócios.
Esse alinhamento permitiu que o MS se tornasse competitivo e previsível, atrativo para investidores nacionais e internacionais.”
4. Quais setores têm mais impulsionado a geração de empregos no estado?
Wilton Acosta:
“Os motores atuais são o agronegócio e a agroindústria, a indústria de celulose e papel, etanol de milho, logística e transportes, além do turismo e serviços. O grande mérito foi a diversificação, que deu estabilidade e ampliou o potencial de absorção de mão de obra.”
5. O senhor já comandou tanto a Fundação do Trabalho de MS quanto uma subsecretaria de Trabalho no Distrito Federal. O que um estado precisa para sustentar bons indices de emprego por muitos anos?
Wilton Acosta:
“É fundamental manter três pilares: qualificação, previsibilidade e inovação. A formação precisa ser conectada às reais necessidades do mercado; as regras devem ser claras e duradouras; e o estado precisa investir em novas matrizes econômicas, como bioeconomia, tecnologia e energias limpas.”
6. Que potencialidades o MS ainda tem para explorar nos próximos anos?
Wilton Acosta:
“O estado tem potencial extraordinário em bioeconomia e sustentabilidade, turismo internacional e tecnologia aplicada ao agronegócio. Essas áreas podem transformar o MS em referência internacional nos próximos anos.”
7. Para finalizar esta primeira parte: quais medidas o estado não pode abrir mão para permanecer entre os líderes em geração de empregos?
Wilton Acosta:
“Manter diálogo com o setor produtivo, investir de forma consistente na qualificação e garantir infraestrutura logística moderna. Esses pilares sustentam qualquer política de trabalho.”
A CONTRIBUIÇÃO DAS GESTÕES REINALDO AZAMBUJA E EDUARDO RIEDEL
As gestões dos ex-governadores Reinaldo Azambuja e Eduardo Riedel são apontadas como fundamentais para o ciclo positivo que o MS atravessa. Na sequência da entrevista, Wilton Acosta detalha o impacto dessas administrações.
8. Qual o impacto das gestões Azambuja e Riedel na geração de empregos no MS?
Wilton Acosta:
“As duas gestões tiveram papel determinante para transformar o MS em um dos estados mais competitivos do país. Criaram um ambiente de negócios estável, previsível e seguro para o investidor.
Os incentivos fiscais vinculados à geração de empregos, a modernização do licenciamento, a segurança jurídica e os investimentos em infraestrutura impulsionaram a instalação de indústrias estratégicas em diversas regiões do estado. Esse resultado não acontece por acaso; é planejamento.”
9. Muitos dizem que o MS vive um ciclo iniciado por Azambuja e aprofundado por Riedel. O senhor concorda?
Wilton Acosta:
“Sim, plenamente. Azambuja organizou o estado, atraiu grandes indústrias e iniciou a expansão logística. Riedel ampliou esse movimento com foco maior em inovação, tecnologia e sustentabilidade.
O MS vive um raro caso de continuidade administrativa — e isso é fundamental para que grandes projetos amadureçam e se traduzam em emprego e renda.”
10. Quais políticas específicas dessas gestões foram decisivas para colocar o MS no topo do ranking de emprego?
Wilton Acosta:
“Destaco três:
– incentivo fiscal condicionado à geração de emprego real;
– expansão logística (rodovias, energia, articulação ferroviária);
– qualificação profissional integrada às demandas empresariais.
Essas ações consolidaram o estado como destino seguro para investimentos.”
11. Qual a marca da gestão Riedel na geração de empregos?
Wilton Acosta:
“A marca é a integração: integração de setores, de políticas, de secretarias. Riedel pensa o desenvolvimento de forma sistêmica.
Outro ponto é o foco na inovação e na economia verde, que abrirá espaço para uma nova geração de empregos qualificados.”
12. Se o estado mantiver esse modelo, qual o cenário para os próximos anos?
Wilton Acosta:
“Se houver continuidade, o MS pode se consolidar entre os três estados que mais geram empregos proporcionais no país. O ciclo está apenas começando.”
O Mato Grosso do Sul se consolida como exemplo de geração de empregos no país. Com políticas estratégicas e planejamento estadual, o estado prova que é possível transformar potencial em oportunidades reais, e o WK Notícias seguirá acompanhando de perto esse desempenho.