Segunda, 17 de Novembro de 2025

Silêncio de Tereza Cristina: Da convocação eleitoral ao recuo político em Campo Grande

Da voz decisiva no segundo turno ao sumiço pós-eleição: o que explica a retirada da senadora?

17/11/2025 às 16h43
Por: WK Notícias
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Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

 

A vitória de Adriane Lopes nas eleições municipais, construída em um ambiente político tenso e de alta polarização, teve um elemento considerado decisivo por analistas e observadores: o peso político da senadora Tereza Cristina. Durante o segundo turno, a senadora se tornou protagonista de um dos apelos mais emblemáticos da campanha ao pedir que Campo Grande concedesse a Adriane “mais um mandato”. A convocação ecoou fortemente entre eleitores ligados ao agronegócio, ao bolsonarismo e ao próprio governo estadual, consolidando um cinturão de proteção que deu fôlego à então prefeita.

Nos bastidores, lideranças próximas à campanha relatam que a adesão pública de Tereza Cristina foi crucial para neutralizar resistências internas no governo estadual, que, no primeiro turno, apoiava o correligionário Beto Pereira. O gesto também ajudou a atrair parte significativa do eleitorado da direita tradicional, que, embora distante de Adriane, acabou embarcando no projeto por influência direta do entorno político da senadora.

Entretanto, passadas as eleições, observadores começaram a notar uma mudança abrupta: o silêncio de Tereza Cristina. A parlamentar, que fora determinante no desfecho do pleito, tornou-se uma ausência notada na cena política de Campo Grande. Não houve declarações públicas de apoio, alinhamento ou defesa frente às dificuldades que a gestão Adriane enfrenta. Ao contrário, seu recuo vem sendo interpretado como uma retirada estratégica — e precoce — do cenário que ela própria ajudou a moldar.

Na prática, o afastamento expôs Adriane em um momento de crescente desgaste. A prefeita parece conquistar um feito raro na política sul-mato-grossense: aglutinar partidos, lideranças e grupos historicamente adversários em uma mesma faixa de oposição. O fenômeno chamou atenção até mesmo dentro da administração municipal. Integrantes do primeiro escalão, que antes faziam defesas públicas frequentes, agora adotam postura discreta, evitando associações mais diretas ao projeto político da chefe do Executivo.

Para estrategistas políticos, o comportamento de Tereza Cristina indica que a senadora busca preservar sua imagem nacional e sua relevância no tabuleiro estadual, evitando desgastes provenientes da atual gestão. O movimento reforça uma prática recorrente na política: a liderança que ajuda a eleger, mas recua quando o custo de manutenção se torna elevado. A ausência, contudo, suscita questionamentos legítimos, sobretudo pela dimensão de sua participação no segundo turno.

Se, antes, seu apelo público foi determinante para “virar o jogo”, agora o silêncio deixa espaço para especulações. Alguns interpretam como prudência; outros, como cálculo eleitoral visando 2026. Há quem avalie, ainda, que a senadora não deseja se comprometer com uma administração que, gradualmente, perde sustentação institucional.

A questão que fica é inevitável:
Campo Grande atendeu ao chamado de Tereza Cristina. Mas onde está Tereza Cristina agora?

Enquanto a prefeita enfrenta um cenário político cada vez mais adverso, o recuo de sua principal fiadora eleitoral revela a volatilidade das alianças e a força do pragmatismo que molda o jogo político no Mato Grosso do Sul. E, ao mesmo tempo em que Adriane tenta resistir ao isolamento, o silêncio de Tereza se torna um capítulo à parte — e essencial — na compreensão do atual clima político da Capital.

 

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