Sábado, 08 de Novembro de 2025

Caso Marielle: Brazão tinha embaralhador de sinal no gabinete para não ser gravado

Brazão negou as acusações que ligam seu nome ao crime e disse que a denúncia pode ser parte de uma estratégia dos verdadeiros assassinos para proteger alguém

24/01/2024 às 12h03
Por: Tatiana Lemes
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Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Domingos Brazão, conselheiro do TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro), é acusado pela delação do ex-PM Ronnie Lessa no assassinato da vereadora Marielle Franco, num crime que também vitimou seu motorista, Anderson Gomes. De acordo com investigações da PF (Polícia Federal), por estratégias para não ser gravado ou grampeado por rivais e investigadores usava um embaralhador de sinal.

Em entrevista ao Metrópoles, Brazão negou as acusações que ligam seu nome ao crime e disse que a denúncia pode ser parte de uma estratégia dos verdadeiros assassinos para proteger alguém.

Brazão sempre foi cauteloso por ser alvo de outras apurações. Conforme a PF, agentes localizaram em seu gabinete, em 2017, um embaralhador de sinal. O equipamento foi apreendido e chamou a atenção dos investigadores.

“Supostamente utilizado para embaralhar/interferir em equipamentos que emitam sinais eletromagnéticos, como, por exemplo, telefones celulares, dispositivos ocultos de escuta ambiental, impossibilitando a transmissão de diálogos travados no ambiente”, anotou a PF, no documento lavrado para registrar a apreensão.

Brasão na época foi preso temporariamente e acabou solto. A Operação Quinto do Ouro investigava o pagamento de propinas a conselheiros do Tribunal de Contas do Rio.

O MPF destacou, ao denunciar Brazão pelos crimes de corrupção e organização criminosa, destacou que havia relatos, na investigação, de que, além de usar o embaralhador, Brazão trocava constantemente de aparelho telefônico.

Seu principal delator, o filho do ex-presidente do TCE do Rio Jonas Lopes Junior, disse que Brazão preferia receber pessoalmente dinheiro de propinas, mas fugia de reuniões pessoais sobre os acertos.

O STJ (Superior Tribunal de Justiça), afastou Brazão do cargo, mas voltou por decisão do ministro Kassio Nunes Marques, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Ele teve cinco mandatos como deputado estadual antes de ir para o TCE. Brazão ainda responde à ação penal referente à Operação Quinto do Ouro.

Já no caso Marielle Franco, o nome de Brazão aparece como suspeito do mando do crime desde 2019. Ele foi denunciado pela ex-procuradora-geral Raquel Dodge por embaraço à investigação. O episódio envolveu uma ação para plantar depoimentos de policiais, com narrativas falsas, que tirassem a Polícia Civil do rastro dos verdadeiros mandantes.

O indício mais impressionante sobre seu envolvimento foi encontrado em um áudio do miliciano Jorge Alberto Moreth, conhecido como “Beto Bomba”, no qual ele dizia que Brazão “encomendou” a morte de Marielle e que houve pagamento de R$ 500 mil pelo crime. O áudio foi interceptado de uma conversa entre o miliciano e o vereador Marcello Siciliano (PHS).

A principal hipótese é que, com a morte da vereadora, Brazão buscava retaliar o então deputado Marcello Freixo (à época, filiado ao PSol), que empregou Marielle em seu gabinete e era próximo da parlamentar.

A atuação de Freixo atingiu duas vezes o conselheiro. A primeira foi na condição de relator da CPI das Milícias, em 2008, quando citou Brazão como um dos políticos “liberados” para fazer campanha em área dominada pelos grupos de criminosos.

Novamente em 2017, quando denúncias levaram o MPF a pedir, novamente, a prisão de Brazão por solicitação da Operação Cadeia Velha, que também investigou pagamento de propinas a políticos do Rio.

A denúncia da PGR sobre o embaraço às investigações foi rejeitada em março do ano passado pela Justiça Estadual do rio de Janeiro. Com a delação do ex-PM Ronnie Lessa, condenado pela execução da ex-vereadora, o nome de Brazão voltou a entrar na mira dos investigadores.

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