Sábado, 08 de Novembro de 2025

Após vazar dados do caso Flávio Bolsonaro, agente da Abin é demitido

Ribeiro fotografou a tela de seu computador na Abin e enviou para pessoas que não pertenciam ao órgão

02/02/2024 às 08h11
Por: Tatiana Lemes
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Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

O governo federal demitiu o agente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Cristiano Ribeiro. Uma apuração interna apontou que ele vazou dados sigilosos que municiaram reportagem sobre um servidor do órgão que, segundo a matéria, teria atuado para “blindar” Flávio Bolsonaro no caso das rachadinhas.

De acordo com o site Metrópoles, Ribeiro fotografou a tela de seu computador na Abin e enviou para pessoas que não pertenciam ao órgão. O episódio ocorreu ainda durante o governo Bolsonaro. Antes de ser demitido, o agente foi alvo de operação de busca e apreensão pela PF (Polícia Federal), que devassou seus aparelhos eletrônicos.

Na imagem vazada pelo agente continha o organograma do Centro de Inteligência Nacional da Abin, com fotos e nomes dos servidores titulares de cada coordenação e seus respectivos substitutos. O CNI tem a atribuição de acompanhar “assuntos de inteligência estratégica”.

O material foi usado em uma reportagem do site “intercept Brasil” publicada em dezembro de 2020, segundo a apuração interna da Abin. Os jornalistas ouviram uma fonte da agência que, sob reserva, afirmou que tanto ela quanto seus colegas “desconfiavam” de que o policial federal Marcelo Bormevet, à época lotado na Abin, teria produzido relatórios para blindar Flávio no caso das rachadinhas.

No período, Bormevet ocupava um posto-chave no CNI. Era coordenador-geral de Credenciamento de Segurança e Análise de Segurança Corporativa. Delegado de carreira da PF, ele atuava, até sexta-feira passada (26/1), como assessor da Subchefia Adjunta de Infraestrutura da Casa Civil da Presidência.

Marcelo Bormevet só foi dispensado do cargo após Alexandre de Moraes determinar seu afastamento por ser investigado no âmbito da suposta “Abin paralela” que teria existido no governo Bolsonaro. Ao autorizar uma das operações da PF, o ministro do STF citou a referida reportagem do “Intercept Brasil”.

Bormevet só entrou no radar da investigação após uma reportagem municiada pelo agora ex-agente da Abin Cristiano Ribeiro. E, ironicamente, Ribeiro foi demitido da agência pelo governo Lula.

A demissão foi oficializada após a conclusão de um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) aberto ainda em 2021. O relatório pontuou que o agente infringiu o Regime Jurídico dos Servidores Públicos.

A apuração apontou o cometimento de duas irregularidades: “revelação de segredo do qual se apropriou em razão do cargo” e “improbidade administrativa”. Sendo assim, o governo Lula apenas cumpriu o rito formal ao demitir Cristiano Ribeiro.

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