O governo central registrou um déficit primário de R$ 31,7 bilhões em fevereiro de 2025, uma melhoria considerável em relação ao déficit de R$ 61,2 bilhões no mesmo mês de 2024, marcando o melhor resultado para um mês de fevereiro em três anos. No entanto, a recuperação é lenta e os desafios fiscais permanecem alarmantes, como aponta o Relatório do Tesouro Nacional (RTN) divulgado nesta quinta-feira (27).
Embora o resultado de fevereiro tenha superado a expectativa do mercado, que projetava um déficit de R$ 37,7 bilhões, o cenário fiscal ainda é preocupante. No acumulado de janeiro a fevereiro de 2025, o superávit primário de R$ 53,2 bilhões reflete uma melhora significativa em comparação com os R$ 21,2 bilhões registrados no mesmo período de 2024, mas ainda há muitos desafios pela frente.
O aumento da receita líquida de 3,1% (R$ 4,4 bilhões) foi impulsionado principalmente por uma maior arrecadação de impostos como o Imposto de Importação (R$ 2,1 bilhões) e o IPI (R$ 1,5 bilhão). Porém, a arrecadação com o Imposto sobre a Renda (IR) e a CSLL caiu, refletindo a pressão sobre as fontes de receita do governo. Já as despesas totais sofreram uma queda de 12,6% (R$ 25,2 bilhões), em grande parte devido à redução no pagamento de precatórios, que caiu em R$ 30,8 bilhões no mês.
Os gastos obrigatórios, no entanto, seguem elevados, com destaque para o aumento dos benefícios previdenciários e o apoio financeiro a estados e municípios. O governo ainda luta para controlar seus dispêndios, enquanto a meta fiscal de alcançar o déficit fiscal zero em 2025 permanece como um objetivo de alto risco, especialmente com a necessidade de atingir um superávit primário de 1% do PIB até 2028.
O secretário do Tesouro, Rogério Ceron, justificou a política fiscal contracionista e a postergação dos precatórios como uma forma de alinhar a política fiscal com a monetária, sem inflacionar ainda mais a economia. Contudo, o desafio de alcançar o equilíbrio das contas públicas continua sendo uma tarefa árdua, e a população ainda sente os efeitos de um cenário fiscal instável, com a saúde fiscal do país pendendo entre a recuperação e os riscos de um novo colapso.
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*Com informações Metrópoles