Sexta, 01 de Agosto de 2025

Embrapa destaca importância do vigor da semente para aumentar produtividade

Safra 1976/1977 foi de 1.748 kg por hectare, a de 2020/2021 foi de 3.525. kg

24/01/2023 às 16h07
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Uma semente de alto vigor apresenta 90% de produtividade
Uma semente de alto vigor apresenta 90% de produtividade

Por décadas, a semente de soja foi considerada apenas um insumo, mais um item na agricultura. Entretanto, investimento em pesquisas por órgãos oficiais e iniciativa privada colocou a semente como peça-chave para o desempenho positivo da lavoura, já que nela foi identificada uma característica que aumenta - e muito - a produtividade: o vigor.

Em média, uma lavoura com sementes de alto vigor tem ganho de 10% a 15% em produtividade.

O dado faz parte de um levantamento do Dr. José de Barros França Neto, uma das maiores referências em soja no Brasil. França Neto é engenheiro agrônomo, Ph.D. em Agronomia/Tecnologia de Sementes e pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Soja há mais de 40 anos. 

França identificou que 55% das sementes comercializadas no Brasil apresentam vigor médio ou baixo.

O vigor é uma propriedade das sementes que determina o seu potencial para emergência rápida e uniforme e o desenvolvimento de plântulas normais sob uma ampla diversidade de condições ambientes. 

“Qual é a vantagem de uma semente vigorosa? Mesmo com muita tecnologia aplicada, não é incomum o agricultor errar a profundidade da semente na hora do plantio. Uma semente de baixo vigor não irá vencer uma camada de solo de 6, 7 cm. Já a semente de alto vigor consegue vencer. Uma semente de alto vigor aguenta uma seca de dez dias, claro tratando ela com um fungicida adequado. Uma de baixo vigor em dois ou três dias deteriora”, explica o pesquisador França Neto.

Pela metodologia utilizada pelos pesquisadores da Embrapa Soja, uma semente considerada de vigor muito alto apresenta índice igual ou superior a 90%; alto, entre 85% a 89%; médio, entre 75% a 84%; e baixo, igual ou inferior a 74%.

“Uma semente com vigor promove um bom desempenho de germinação em uma situação normal, mas também em situações de estresse. Se produz uma planta de alto desempenho agronômico, sistema radicular mais robusto e parte aérea com boa estrutura de produção”, afirma o especialista, que considera a semente uma matéria-prima, e não somente um insumo.

Além disso, sementes vigorosas têm o processo fotossintético mais cedo e eficiente, maior taxa de crescimento das plantas, maior acúmulo de matéria seca, plantas com maior área foliar e melhor sistema radicular, maior capacidade de produção de vagens e sementes e aumento do rendimento de grãos.

Sustentabilidade

Não é exagero afirmar que a melhoria do vigor das sementes de soja ao longo dos anos contribuiu para o agronegócio ser uma atividade cada vez mais sustentável. O vigor é fundamental para a produtividade, que apresentou aumento ao longo das décadas, o que reduziu a necessidade de ampliação de área para produzir. 

A produtividade média da soja na safra 1976/1977 era de 1.748 kg por hectare no Brasil. Já na safra 2020/2021 foi 3.525 kg por hectare, ou seja, dobrou a produtividade em quase 45 anos. Em área, passou de 7 milhões de hectares para quase 40 milhões e, em produção, de 12 milhões para 135 milhões de toneladas.

“Se a gente estivesse com aquela produtividade antiga, para produzirmos os 135 milhões de toneladas, a gente precisaria de praticamente o dobro da área, quase 80 milhões de hectares. Então, a gente economizou, com aumento de produtividade, técnicas de produção e qualidade de sementes, praticamente 40  milhões de hectares”, destaca França Neto.

Situação climática

O último levantamento de safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em dezembro de 2022, apontou para uma produção de 153,5 milhões de toneladas (volume recorde), ou seja, 22,2% ou 27,9 milhões de toneladas acima da safra anterior.

Apesar desse cenário positivo, ainda há uma cautela dos produtores devido ao clima, pois, durante o plantio houve longos períodos com restrições hídricas e baixa umidade do solo na região Centro-Oeste e no Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). 

Essa situação já tinha sido antecipada por técnicos da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que apontavam para oscilações do clima na parte centro/norte do Brasil.

No Centro-Oeste, a falta de chuva dificultou o plantio e a germinação da soja, desacelerando os trabalhos, em comparação à safra anterior. Vários agricultores tiveram que paralisar a semeadura, e mesmo com todo cuidado muitos ainda tiveram que replantar suas lavouras.

O replantio é algo que o agricultor evita ao máximo, pois, perde potencial produtivo, gera custos e perde janela de 2a safra, mas muitas vezes, mesmo com o uso de sementes de alto vigor ocorrem acidentes que geram esta necessidade.

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