Segunda, 09 de Junho de 2025

Crescimento evangélico desafia hegemonia católica em MS: mudanças religiosas refletem tendências nacionais

Catolicismo perde força enquanto evangélicos se destacam como segmento de maior expansão no Estado

09/06/2025 às 11h15
Por: Tatiana Lemes
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Foto: Reprodução
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Mato Grosso do Sul vive uma transformação religiosa que reflete o cenário nacional. Dados do Censo Demográfico 2022, divulgados pelo IBGE, revelam que, embora o catolicismo ainda predomine no Estado, seu número de adeptos está em queda, enquanto os evangélicos se consolidam como o grupo de maior crescimento.

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Dos 2.350.132 entrevistados com 10 anos ou mais no Estado, 1.219.677 se identificaram como católicos. Apesar de liderarem em números absolutos, os fiéis dessa denominação enfrentam um declínio constante, que se intensificou nos últimos 12 anos. Paralelamente, o protestantismo evangélico já reúne 763.096 seguidores, um marco expressivo em uma região tradicionalmente católica.

O bispo Tonetti, da igreja Sara Nossa Terra, aponta que o avanço evangélico no Estado alcançou níveis significativos, chegando a quase 32% da população. Ele destaca que, embora Mato Grosso do Sul não conte com megas igrejas, o crescimento das congregações médias tem impulsionado a disseminação da fé. "Estamos alcançando centenas de pessoas a cada dois meses, mas crescer ainda mais a partir deste patamar exige esforços diferenciados", pondera.

O número de pessoas sem religião também chama a atenção, somando 210.472 indivíduos, ou 8,92% da população estadual. Este é o segundo maior índice do Centro-Oeste, superado apenas pelo Distrito Federal, e acompanha uma tendência nacional de afastamento de crenças organizadas.

Mudança de hegemonia: um cenário projetado

Enquanto o catolicismo enfrenta retração, líderes religiosos, como o pastor Silas Malafaia, relativizam a importância dos números. "Eu não fico preocupado com porcentagens. Nosso foco é levar Cristo a mais pessoas, não disputar estatísticas", afirmou o pastor.

Pesquisadores, no entanto, indicam que as mudanças podem redefinir a paisagem religiosa nacional. O demógrafo José Eustáquio Alves previa que os evangélicos ultrapassariam os católicos como maior bloco religioso do Brasil até 2032, mas agora projeta que essa inversão ocorrerá próximo a 2050.

Desde 1980, quando 89% da população brasileira se declarava católica, o segmento tem perdido fiéis. Hoje, o catolicismo ainda é majoritário, mas a trajetória de queda é clara. Em Mato Grosso do Sul, os dados reforçam a necessidade de diálogo inter-religioso e compreensão das dinâmicas sociais que moldam essas transformações.

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Com igrejas evangélicas alcançando novos públicos e o declínio do catolicismo, Mato Grosso do Sul simboliza um Brasil em movimento, onde a fé e a pluralidade caminham lado a lado.

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