A Câmara dos Deputados viveu uma noite de confrontos intensos nesta terça-feira (10), quando o deputado André Fernandes (PL-CE) lançou duras críticas ao presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). O estopim da crise foi a ausência de deliberação em plenário sobre a cassação da deputada Carla Zambelli (PL-SP), determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Fernandes não poupou palavras ao acusar Motta de ignorar o papel do Legislativo na decisão sobre a perda de mandato de parlamentares. Ele classificou a condução do caso como uma “traição” ao compromisso assumido com os deputados no início do ano.
"O que estamos vendo aqui é uma afronta à independência da Câmara. Não podemos aceitar que um mandato seja cassado sem o voto deste plenário", disparou Fernandes, em tom inflamado, evocando o caso Daniel Silveira, que foi julgado pelos parlamentares antes de perder seu cargo.
A resposta de Motta veio no mesmo tom desafiador. Ele rejeitou as acusações e afirmou que decisões regimentais não podem ser tomadas sob pressão:
"Esta Casa não se curva ao grito. Não vou permitir que insinuações definam minha postura sobre qualquer tema", declarou o presidente.
Mesmo assim, diante do crescente desgaste, Motta recuou e anunciou que o caso será submetido ao plenário após o cumprimento dos trâmites regimentais.
Zambelli no centro das atenções
Enquanto o clima na Câmara esquenta, Carla Zambelli, licenciada do mandato, enfrenta seu próprio turbilhão jurídico. Após decisão do ministro Alexandre de Moraes, a deputada foi condenada a 10 anos de prisão por crimes relacionados à invasão de sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Refugiada na Itália, Zambelli afirmou que está disposta a se apresentar às autoridades locais caso o Brasil solicite sua extradição. Além disso, a parlamentar manifestou interesse em cumprir sua pena em território italiano, se sua extradição for autorizada.
O episódio amplia a tensão entre os poderes e levanta questionamentos sobre a autonomia do Congresso e a atuação do Judiciário. Com discursos inflamados e promessas de confrontos futuros, a cassação de Zambelli está longe de ser um ponto final nas disputas em Brasília.
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*Com informações Pleno News