Terça, 18 de Novembro de 2025

Mais uma derrota do governo: Câmara aprova PL Antifacção por 370 x 110 e avança marco legal contra facções

A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira o PL Antifacção (PL 5582/25) por 370 votos a favor e 110 contra, em um gesto claro de autonomia do Legislativo frente ao Executivo. O texto, articulado pelos Republicanos e sustentado pelo presidente da Casa, Hugo Motta, endurece penas, tipifica novas condutas criminais e cria mecanismos de esvaziamento financeiro de organizações criminosas — agora segue ao Senado, com possibilidade de retorno à Câmara se houver alterações.

18/11/2025 às 20h51 Atualizada em 18/11/2025 às 21h56
Por: WK Notícias
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Foto: Kayo Magalhaes/Agencia Câmara
Foto: Kayo Magalhaes/Agencia Câmara

Resultado expressivo que marca derrota para o
governo

A votação na Câmara terminou com 370 deputados favoráveis e 110 contrários ao PL Antifacção. O placar reforça que, apesar da forte mobilização da grande imprensa e pressão do Executivo, a Casa decidiu manter o texto do relator apresentado.
Para o governo federal, a aprovação representa um revés político, uma vez que a versão original enviada pelo Executivo foi largamente alterada pelo relator Guilherme Derrite (PP-SP).

Principais pontos do projeto aprovado

Entre os destaques do substitutivo aprovado estão:

 Aumento significativo das penas para membros de organizações criminosas, incluindo faixa de 20 a 40 anos de reclusão para ;organização criminosa ultraviolenta.

 Nova tipificação de condutas vinculadas à atuação de facções: domínioterritorial, “novo cangaço”, obstrução de vias, e atuação integrada da facção com narcotráfico.

 Envio direto de líderes de facções para presídios federais — com restrições como eliminação de visitas íntimas ou regime mais rigoroso.

 Medidas para recuperar bens e valores das organizações criminosas: apreensão pré-via, perdimento de bens, distribución de recursos apreendidos entre estados e União.

 Provisão de que audiência de custódia “em regra” ocorra por videoconferência salvo decisão judicial em contrário.

 Modificação da redação para retirar a equiparação de facções à lei antiterrorismo — uma das concessões negociadas para viabilizar aprovação.

Bastidores e articulações

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), fez questão de afirmar que a votação representava “a resposta mais dura da história da Câmara no enfrentamento ao crime organizado”.

A articulação dos Republicanos — com destaque para Marcos Pereira — e o governador Tarcísio de Freitas — influente no campo da segurança pública — foram centrais para garantir que o PL fosse levado à votação e aprovado. Do lado contrário, o governo federal e aliados criticaram o relatório de Derrite, chamando-o de “lambança legislativa”. A ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) afirmou que a versão aprovada “dificulta muito o combate às facções”.

Próximos passos da tramitação

Com a aprovação na Câmara, o PL segue para apreciação no Senado Federal, onde já existe expectativa de relatoria e debate de emendas.
Se o Senado promover alterações no texto, o projeto volta à Câmara para que os deputados analisem as mudanças propostas — conforme o rito bicameral. A votação no Senado poderá trazer recuos ou ajustes técnicos, o que mantém a discussão viva e suscetível a articulações de última hora.

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