
Um histórico de resistência
Alcolumbre já demonstrou, em outras ocasiões, sua capacidade de travar nomeações presidenciais ao STF quando julga que seu peso institucional não está sendo considerado. Um caso emblemático é o da sabatina de André Mendonça, indicado por Jair Bolsonaro. À época, como presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Alcolumbre demorou mais de 100 dias para pautar a arguição de Mendonça.
Ele justificou o atraso alegando “turbulências políticas” e disse que a decisão de pautar deveria seguir um “tempo de amadurecimento político” para que as opiniões dos senadores fossem “galvanizadas”. Também afirmou que a obstrução é um instrumento legítimo no parlamento, estabelecendo um precedente de disputas de poder entre Executivo e Legislativo.
A barreira para Messias
Hoje, com a indicação de Messias, Alcolumbre surge como um potencial bloqueador novamente. Fontes ligadas ao Senado afirmam que ele não nutre entusiasmo pelo nome, o que poderia atrasar — ou mesmo pôr em risco — a sabatina e aprovação.
Um episódio recente mostra como o senador se incomoda com movimentos que questionam sua influência. Um dos líderes evangélicos, Pr. Wilton Acosta, montou acampamento em Macapá e liderou o movimento “Fora Alcolumbre – SbarinaJá”, iniciativa que ganhou repercussão local e nacional. O movimento de pressão contra o senador incomodou Alcolumbre e reforçou sua postura de centralizar decisões estratégicas e impedir ações que contrariem seus interesses.
A percepção de líderes no Congresso
Riscos para o governo
Desgaste político: Se a sabatina de Messias for atrasada ou embargada, Lula pode sofrer desgaste perante seus aliados e perante o mercado, que costuma reagir mal a incertezas institucionais.
Fragmentação no Senado: A resistência de Alcolumbre pode estimular outras vozes críticas dentro da Casa, ampliando o número de senadores desconfiados da indicação.
Precedente perigoso: Se Alcolumbre operar como uma “máquina de impedimento” de forma sistemática, ele reforça um modelo no qual o Senado usa seu poder para contestar escolhas do Executivo, o que pode fragilizar futuras nomeações.
Davi Alcolumbre já mostrou que sabe usar toda a força institucional à sua disposição quando seus interesses pessoais ou estratégicos são desafiados. A resistência à sabatina de André Mendonça deixou claro que ele não teme tensionar com o Palácio do Planalto.
Agora, com a indicação de Jorge Messias, Alcolumbre se posiciona mais uma vez como uma barreira concreta para o governo Lula — não necessariamente por discordar da pessoa, mas porque quer afirmar seu protagonismo e preservar poder dentro do Senado. Se essa estratégia for bem-sucedida, ela pode marcar não apenas uma vitória pessoal para o senador, mas também reiterar seu papel como árbitro das grandes disputas entre Executivo e Legislativo.