Segunda, 24 de Novembro de 2025

Davi Alcolumbre, a “máquina de impedimento” que pode barrar Jorge Messias no STF

Brasília – A nomeação de Jorge Messias, atual advogado-geral da União, para uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF) virou mais um capítulo tenso na relação entre o Palácio do Planalto e o Senado — e evidencia o papel de Davi Alcolumbre como uma barreira institucional para o governo Lula, quando seus próprios interesses ou insatisfações entram em conflito com o Executivo.

24/11/2025 às 05h04
Por: WK Notícias
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Foto: Reprodução Redes Sociais
Foto: Reprodução Redes Sociais

Um histórico de resistência

Alcolumbre já demonstrou, em outras ocasiões, sua capacidade de travar nomeações presidenciais ao STF quando julga que seu peso institucional não está sendo considerado. Um caso emblemático é o da sabatina de André Mendonça, indicado por Jair Bolsonaro. À época, como presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Alcolumbre demorou mais de 100 dias para pautar a arguição de Mendonça.

Ele justificou o atraso alegando “turbulências políticas” e disse que a decisão de pautar deveria seguir um “tempo de amadurecimento político” para que as opiniões dos senadores fossem “galvanizadas”. Também afirmou que a obstrução é um instrumento legítimo no parlamento, estabelecendo um precedente de disputas de poder entre Executivo e Legislativo.

 

A barreira para Messias

Hoje, com a indicação de Messias, Alcolumbre surge como um potencial bloqueador novamente. Fontes ligadas ao Senado afirmam que ele não nutre entusiasmo pelo nome, o que poderia atrasar — ou mesmo pôr em risco — a sabatina e aprovação.

Um episódio recente mostra como o senador se incomoda com movimentos que questionam sua influência. Um dos líderes evangélicos, Pr. Wilton Acosta, montou acampamento em Macapá e liderou o movimento “Fora Alcolumbre – SbarinaJá”, iniciativa que ganhou repercussão local e nacional. O movimento de pressão contra o senador incomodou Alcolumbre e reforçou sua postura de centralizar decisões estratégicas e impedir ações que contrariem seus interesses.

 

A percepção de líderes no Congresso

  • Aliados do governo Lula interpretam a movimentação de Alcolumbre como uma retaliação institucional: ele quer deixar claro que sua influência no Senado não será ignorada, mesmo que isso signifique dificultar a agenda de indicações do Executivo.
  • Parlamentares independentes e da oposição veem em Alcolumbre uma figura ambivalente: ele pode barrar ou facilitar, dependendo de seus interesses pessoais ou estratégicos. Em muitos casos, sua postura reforça o poder de barganha do Senado sobre o Executivo.
  • Especialistas em institucionalidade alertam para os riscos de que esse tipo de comportamento comprometa a harmonia entre os Poderes: se Alcolumbre se posicionar como “guardião” das votações, ele pode incentivar uma cultura de obstrução política permanente.

 

Riscos para o governo

Desgaste político: Se a sabatina de Messias for atrasada ou embargada, Lula pode sofrer desgaste perante seus aliados e perante o mercado, que costuma reagir mal a incertezas institucionais.

Fragmentação no Senado: A resistência de Alcolumbre pode estimular outras vozes críticas dentro da Casa, ampliando o número de senadores desconfiados da indicação.

Precedente perigoso: Se Alcolumbre operar como uma “máquina de impedimento” de forma sistemática, ele reforça um modelo no qual o Senado usa seu poder para contestar escolhas do Executivo, o que pode fragilizar futuras nomeações.

Davi Alcolumbre já mostrou que sabe usar toda a força institucional à sua disposição quando seus interesses pessoais ou estratégicos são desafiados. A resistência à sabatina de André Mendonça deixou claro que ele não teme tensionar com o Palácio do Planalto.

Agora, com a indicação de Jorge Messias, Alcolumbre se posiciona mais uma vez como uma barreira concreta para o governo Lula — não necessariamente por discordar da pessoa, mas porque quer afirmar seu protagonismo e preservar poder dentro do Senado. Se essa estratégia for bem-sucedida, ela pode marcar não apenas uma vitória pessoal para o senador, mas também reiterar seu papel como árbitro das grandes disputas entre Executivo e Legislativo.

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