
Após duas semanas de ruas alagadas devido à cheia histórica do lago Guaíba, em Porto Alegre, os comerciantes começam a retomar suas atividades. A queda do nível da água nas calçadas permitiu que muitos estabelecimentos reabrissem suas portas no centro da cidade. Na Travessa dos Venezianos, conhecida por sua atmosfera boêmia na região da Cidade Baixa, dezenas de voluntários se uniram para realizar uma limpeza intensiva no sábado à noite, aproveitando a oportunidade para desfrutar de um momento de confraternização.
No entanto, os prejuízos causados pela inundação ainda são significativos. Os comerciantes relatam perdas totais nos estoques, danos em equipamentos como freezers e geladeiras, além de danos estruturais em móveis e paredes. Pepe Martini, proprietário do bar Milonga, enfatiza que, embora seja possível reabrir os estabelecimentos, será necessário algum tempo para recuperar completamente os negócios. Ele destaca que o impacto financeiro da quase um mês de fechamento ainda não foi totalmente calculado.
Martini lembra que a Travessa dos Venezianos já enfrentou e superou grandes enchentes no passado, como a de 1941, quando a cidade não contava com sistemas de proteção contra cheias. No entanto, ele critica a falta de manutenção no sistema de contenção de cheias da cidade, alegando que a desativação da casa de bombas na região contribuiu para o alagamento da área.
Outros estabelecimentos também enfrentam desafios semelhantes. No bar Guernica, a sócia Bruna Marcello já implementou um sistema de compras antecipadas para ajudar na recuperação do negócio. No entanto, os danos foram expressivos, incluindo a perda de equipamentos, estoque e até a presença de animais mortos dentro do estabelecimento.
Enquanto isso, na rua dos Andradas, empresários avaliam os estragos pela primeira vez desde o início da inundação. Os prejuízos são expressivos, com muitos estabelecimentos ainda sem energia elétrica e água, o que dificulta a limpeza e a retomada das atividades.
O descontentamento com a situação é evidente entre os comerciantes, que criticam o que consideram desleixo das autoridades municipais. A prefeitura, por sua vez, nega que a falta de manutenção do sistema de drenagem seja a causa dos alagamentos. Em nota, afirma que o sistema de proteção contra cheias apresentou fragilidades diante da maior cheia da história registrada no Guaíba desde os anos 1900, afetando 80% dos municípios gaúchos. A gestão municipal destaca os investimentos feitos no sistema de proteção, que, segundo eles, evitaram danos ainda maiores.
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*Com informações Terra Brasil