Após o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) cobrar explicações da Santa Casa e da Prefeitura de Campo Grande sobre as mortes de bebês com cardiopatias, o hospital respondeu que o trabalho é sempre realizado com "máxima diligência e profissionalismo por parte de toda a equipe envolvida". No entanto, a Santa Casa reconheceu que o pré-natal na rede pública é falho, prejudicando o diagnóstico precoce durante a fase intrauterina, o que poderia garantir um acompanhamento especializado.
O hospital destacou as "dificuldades enfrentadas pela rede de saúde em encaminhar gestantes para o acompanhamento oportuno", resultando frequentemente em diagnósticos tardios de complicações gestacionais. Ainda assim, a instituição assegura que "se esforça para superar esses desafios, proporcionando consultas frequentes e planejamento adequado do parto, visando o nascimento da criança nas melhores condições possíveis".
As investigações, em andamento na 32ª Promotoria de Justiça sob responsabilidade de Daniela Costa da Silva, começaram após o relato da enfermeira Gabrielle Montalvão. No ano passado, ela relatou a situação dramática que vivenciou ao ver seu filho Caleb, de 3 meses, nascido com doença cardíaca, perder a vida enquanto esperava atendimento no hospital.
Em nota enviada nesta quarta-feira (5), a Santa Casa citou o histórico de Caleb. Segundo o hospital, ele foi admitido com insuficiência respiratória aguda, e exames iniciais não evidenciaram comprometimento cardíaco. "No entanto, devido à gravidade da condição respiratória preexistente, que se caracterizava por uma pneumonia viral severa, o estado de saúde de Caleb se deteriorou, levando ao seu triste falecimento", alegou o hospital.
Durante o processo de esclarecimento ao MPMS, a Santa Casa admitiu superlotação nos seis leitos credenciados para crianças com cardiopatia. A resposta, assinada pela presidente Alir Terra e pelo diretor-clínico William Leite Lemos Jr., mencionou a existência de um centro cirúrgico específico com equipe multidisciplinar, seguindo padrões da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardíaca e protocolos internacionais.
Além disso, o hospital realiza cerca de 150 procedimentos anuais, com uma taxa de mortalidade de 14%, enquanto a média nacional é de 17%. As cirurgias são eletivas ou emergenciais, com uma equipe de 60 pediatras e especialistas, incluindo dois cirurgiões cardíacos e três cardiologistas pediátricos.
A Santa Casa reforçou que está em comunicação com outros hospitais e informa o Ministério Público sobre a situação de superlotação. No entanto, diante das negativas de regulação, pacientes são realocados entre as especialidades.
Com a morte de Caleb, Gabrielle transformou a dor em luta, reunindo outras mães de crianças com doenças cardíacas e fundando o instituto Um Só Coração. Segundo a investigação do MP, a entidade reúne cerca de 60 famílias. Gabrielle relatou à Promotoria conhecer 20 mortes de bebês ao longo de seis meses, apontando falta de profissionais e demora nos procedimentos cirúrgicos urgentes.
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*Com informações Campo Grande News