
Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, tomou a decisão de retirar o convite feito à União Europeia para observar as eleições presidenciais marcadas para 28 de julho, intensificando as tensões regionais e colocando pressão sobre o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Lula, que mantém um histórico de apoio ao chavismo, tem sido criticado por proteger Maduro de críticas internacionais, apesar de algumas reprovações pontuais ao regime nos últimos meses.
Segundo fontes familiarizadas com as negociações, desde o início de junho o governo Lula tem tentado negociar com Caracas um novo convite para uma missão de observação da UE, mas tem enfrentado resistência por parte do governo venezuelano. O cancelamento do convite anteriormente estendido aos observadores europeus foi anunciado por Elvis Amoroso, presidente do Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, que justificou a decisão citando as sanções impostas pela UE contra figuras do governo chavista.
A exclusão da UE do processo eleitoral venezuelano coloca pressão sobre Lula não apenas por causa da influência do Brasil na região, mas também devido ao seu histórico de apoio a Maduro. Em uma entrevista recente à Folha, o diplomata de oposição Edmundo González, concorrente de Maduro, instou Lula a pressionar o líder venezuelano para permitir a presença de observadores internacionais, incluindo a UE.
Nos bastidores do governo brasileiro, a emissão de um novo convite à UE é vista como crucial para manter o apoio do Brasil ao processo eleitoral na Venezuela, alinhado com os compromissos estabelecidos no Acordo de Barbados, que visa garantir eleições minimamente competitivas.
Após mais de uma semana de discussões internas, a equipe de Lula avaliou que houve poucos avanços e decidiu intensificar as negociações. Durante uma ligação telefônica com Maduro, Lula adotou um tom diplomático, mas firme, enfatizando a importância de garantir algum tipo de monitoramento externo das eleições. Durante a conversa, Lula reiterou o apoio brasileiro aos acordos de Barbados e expressou a esperança de que as sanções contra a Venezuela possam ser suspensas para contribuir com um processo eleitoral confiável e pacífico.
A relação entre Brasília e Caracas estava em compasso de espera desde que o Brasil criticou o bloqueio do regime venezuelano ao registro da opositora Corina Yoris, dois meses antes. Lula também criticou publicamente Maduro por essa exclusão, considerando-a uma medida grave.
A diplomacia brasileira tem enfatizado o diálogo entre chavistas e a oposição, assim como a realização de eleições democráticas, como condições essenciais para que a Venezuela busque a remoção das sanções internacionais. Além disso, o governo brasileiro tem mantido contato próximo com a Colômbia para discutir os desafios pós-eleitorais na Venezuela, visando um processo transparente e reconhecido por todas as partes.
O governo brasileiro está preocupado com a possibilidade de controvérsias sobre o resultado das eleições gerarem conflitos internos prolongados, especialmente com a posse presidencial prevista para janeiro de 2025, o que poderia resultar em instabilidade prolongada na região.
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*Com informações Terra Brasil