Uma jovem de 23 anos procurou a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) na manhã desta quinta-feira (6) para registrar um boletim de ocorrência, denunciando um estupro coletivo que teria ocorrido na madrugada de domingo (2) para segunda-feira (3), durante uma festa. No entanto, após passar seis horas aguardando, ela foi informada de que não poderia realizar o exame de corpo de delito, pois o atendimento já havia sido encerrado devido ao horário.
A jovem chegou à delegacia às 11h58 e só conseguiu sair às 17h, após ter sido orientada a retornar no dia seguinte para a realização do exame, essencial para a investigação do crime. De acordo com seu relato, ela recebeu um cigarro na festa e, após fumá-lo, não lembra mais do que aconteceu. Ela foi encontrada inconsciente, sangrando e com dor na região íntima, no quintal da casa de sua mãe. Em estado de choque, a jovem tentou tirar a própria vida ingerindo uma grande quantidade de medicamentos e precisou ser encaminhada para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento).
Somente nesta quinta-feira, com um pouco mais de condições emocionais, ela conseguiu se dirigir à delegacia para registrar a ocorrência e passou pelo serviço psicossocial. No entanto, sem o exame de corpo de delito, ela precisou ser orientada a voltar no dia seguinte. Já no final da tarde, ela foi encaminhada ao Caps (Centro de Atendimento Psicossocial), pois o protocolo da UPA exige que pacientes com tentativas de suicídio sejam encaminhados ao local.
Em março do ano passado, a ministra da Mulher, Cida Gonçalves, esteve em Campo Grande para inaugurar a segunda unidade do Instituto de Medicina Legal (Imol), com a promessa de que o atendimento à Deam aconteceria das 7h às 13h e das 19h às 1h, de segunda a sexta-feira. No entanto, relatos como o da jovem e de uma dona de casa de 42 anos, que também passou horas esperando para ser atendida na Deam, levantam questionamentos sobre a efetividade do sistema de atendimento às vítimas de violência.
Além disso, a reunião geral das gerências da Casa da Mulher Brasileira, realizada nesta quinta-feira (6), discutiu melhorias no atendimento, mas a unidade de Campo Grande não foi o foco da reunião, segundo a secretária-executiva da Mulher, Angélica Fontanari.
O caso e os relatos de demora no atendimento geram preocupações sobre a eficácia da Deam e a segurança das mulheres que buscam ajuda nessas situações tão delicadas.
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*Com informações Campo Grande News