A volta de Waldir Neves ao Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul (TCE/MS) abalou os bastidores políticos e institucionais do estado. A decisão, assinada pelo ministro Alexandre de Moraes, autoriza o retorno do conselheiro afastado desde 2022, após a operação Mineração de Ouro, da Polícia Federal. O retorno ocorre sem a necessidade de tornozeleira eletrônica, mas com restrições como a proibição de contato com outros investigados e a obrigação de permanecer na comarca de Campo Grande.
No TCE, a notícia gerou comentários acalorados, reacendendo divisões internas. Antes da operação, Waldir era parte de um grupo aliado a Márcio Monteiro e Flávio Kayatt, que disputava o controle do tribunal contra Jerson Domingos e Osmar Jeronymo. A presidência acabou nas mãos de Kayatt, mas o retorno de Waldir reacende tensões e expõe a desconfiança que persiste entre conselheiros e substitutos.
Investigação estagnada e pressão política
Apesar do retorno, o processo que afastou Waldir Neves pouco avançou nos últimos dois anos. A decisão de Moraes foi vista como um "puxão de orelha" no Superior Tribunal de Justiça (STJ), responsável por julgar a denúncia. Fontes da alta cúpula do tribunal apontam que o STJ pode tanto acelerar o julgamento e tornar Waldir réu quanto decidir por um novo afastamento.
Deputados estaduais também pressionam por uma solução definitiva. Alguns lembram o caso de Osmar Jeronymo, que foi autorizado a retornar ao cargo, mas viu a decisão ser revertida no dia seguinte.
Vagas cobiçadas
O retorno de Waldir reacende disputas por cargos no tribunal, tradicionalmente preenchidos por indicações políticas. Entre os cotados para futuras vagas estão Márcio Fernandes, Júnior Mochi e Paulo Corrêa, que já articulam apoio na Assembleia Legislativa. Em 2025, outra vaga será aberta com a aposentadoria compulsória de Jerson Domingos, sendo Sérgio de Paula, ex-chefe da Casa Civil, o favorito.
O caso e suas implicações
A Operação Mineração de Ouro revelou um esquema de fraudes em licitações envolvendo contratações por conluio entre empresas, manipulação de certames e blindagem patrimonial para dissimular o destino dos recursos públicos desviados. Waldir Neves, junto a outros conselheiros e empresários, é investigado por participação no esquema.
Enquanto Moraes justificou sua decisão apontando para a falta de andamento no processo e a violação do princípio da razoável duração, críticos avaliam que o retorno pode comprometer a credibilidade do TCE/MS.
Com um tribunal dividido e a classe política atenta, o futuro de Waldir Neves e das investigações permanece uma incógnita – mas com potencial para redefinir o cenário político de Mato Grosso do Sul.
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*Com informações Investiga MS