Quinta, 12 de Junho de 2025

Inflação dá trégua em maio e abre caminho para fim da alta de juros, mas cautela do Banco Central ainda domina

IPCA de 0,26% surpreende mercado e alivia pressão sobre o consumo, enquanto analistas debatem os próximos passos da Selic

10/06/2025 às 11h08
Por: Tatiana Lemes
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Foto: Reprodução
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O cenário econômico brasileiro ganhou um fôlego em maio. A inflação oficial, medida pelo IPCA, registrou uma alta de apenas 0,26%, um número que veio abaixo das expectativas do mercado e injetou otimismo quanto a uma possível pausa no agressivo ciclo de elevação da taxa básica de juros, a Selic. A desaceleração é evidente: o acumulado em 12 meses caiu para 5,32%, reforçando a esperança de maior estabilidade econômica.

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Os bons ventos não sopram apenas para o índice geral. Os núcleos de inflação, que expurgam as variações mais voláteis de preços como alimentos e energia, também indicam um arrefecimento. Além disso, a difusão – o percentual de itens que apresentaram alta – atingiu seu menor patamar desde novembro passado, sinalizando que a pressão inflacionária está perdendo fôlego em diversas frentes.


Selic no auge: o preço da estabilidade e o dilema do Banco Central


Esses indicadores reforçam a percepção de que a política monetária austera do Banco Central, que empurrou a Selic para 14,75% – o maior nível desde 2006 –, começa a surtir o efeito desejado. Após seis elevações consecutivas, a expectativa é que o ciclo de aperto monetário esteja realmente perto do fim.

"O resultado [do IPCA de maio] reforça a expectativa de que o Banco Central fará, no máximo, um último aumento residual de 0,25 ponto percentual na reunião de junho", projeta André Valério, economista sênior do banco Inter. Para ele, a quase zerada inflação dos alimentos, após oito meses de alta, é um sinal robusto de que a desaceleração está se consolidando.

O Boletim Focus, que espelha as projeções semanais do mercado financeiro, aponta que a Selic deve se manter no patamar atual até o final do ano. A previsão de inflação para 2025, inclusive, foi ligeiramente ajustada para baixo.

Contudo, a unanimidade sobre o fim iminente das altas de juros não existe. Gustavo Sung, da Suno Research, embora veja com bons olhos o IPCA de maio, ainda aposta em um "ajuste residual" na Selic. "A desaceleração em bens industriais e serviços subjacentes é um bom sinal, mas a energia elétrica ainda pode pressionar os custos no grupo Habitação, principalmente se a situação dos reservatórios no Sudeste e Centro-Oeste não melhorar", alerta.

Natalie Victal, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, também adverte que, apesar da melhora, a inflação segue distante da meta estabelecida. "Os serviços continuam elevados e isso exige cautela do Banco Central na decisão sobre juros", pondera.

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Enquanto a inflação brasileira ensaia uma trégua e o Banco Central se aproxima da encruzilhada de seu ciclo de aperto monetário, as próximas semanas serão decisivas. A evolução dos dados econômicos e do mercado de trabalho ditará o ritmo e a intensidade das futuras decisões que impactarão diretamente o custo de vida e o poder de compra dos brasileiros.

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