O uso das chamadas emendas Pix transformou o cenário de transferências especiais em Mato Grosso do Sul nos últimos cinco anos. De R$ 8,6 milhões em 2020 para impressionantes R$ 135,9 milhões em 2024, o crescimento reflete a consolidação de uma modalidade que tem gerado tanto benefícios quanto questionamentos sobre transparência e controle.
Os números levantados pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) mostram que a soma total de recursos repassados via emendas Pix no período alcançou R$ 374,3 milhões, distribuídos entre obras e serviços. Essa escalada começou em 2020, com a aprovação da modalidade pelo Congresso Nacional no ano anterior, e ganhou ritmo especialmente em 2023, com um recorde de R$ 167 milhões.
Esse modelo de transferência, que permite aos parlamentares decidir diretamente o destino dos recursos, foi idealizado para evitar a centralização no governo federal. Entretanto, sua implementação trouxe consigo a ausência de prestação de contas obrigatória e de fiscalização efetiva, o que alimenta debates sobre o risco de mau uso do dinheiro público.
Ao garantir autonomia para alocar recursos em suas bases eleitorais, deputados federais e senadores ganharam protagonismo nas negociações locais, reforçando sua influência política. No entanto, essa liberdade também acendeu alertas sobre a possibilidade de aplicação inadequada ou desvios, uma vez que não há exigência de detalhamento sobre os gastos.
Especialistas apontam que, embora o modelo tenha ampliado o alcance das emendas, ele também desafiou os órgãos de controle a desenvolver mecanismos que assegurem maior transparência.
Mato Grosso do Sul desponta como um dos estados mais beneficiados pelas transferências especiais, mas o crescimento exponencial do volume financeiro traz à tona a necessidade de discutir ajustes no modelo. A busca por equilíbrio entre autonomia parlamentar e fiscalização eficiente deve pautar o debate nos próximos anos, definindo o legado das emendas Pix no Estado e no país.
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*Com informações Correio do Estado