Diante da decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convocou uma reunião emergencial com empresários dos setores mais afetados e determinou a criação de um comitê interministerial para coordenar a resposta do governo brasileiro.
O encontro, realizado na noite de domingo (13), marcou o início de uma estratégia de enfrentamento que envolve os ministérios da Fazenda, Relações Exteriores, Desenvolvimento, Indústria e Comércio, e, futuramente, outras pastas, como Agricultura, à medida que os impactos econômicos forem aprofundados. Os setores mais atingidos são os de suco de laranja, siderurgia, café, aviação e produtos manufaturados.
A decisão de Trump causou perplexidade no governo e entre empresários, principalmente pela justificativa considerada “inverídica” apresentada pela Casa Branca — de que os Estados Unidos enfrentam déficit comercial com o Brasil, apesar de dados apontarem superávit americano há quase duas décadas. A carta de Trump enviada a Lula também levanta suspeitas de motivação política, ao citar o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal como um fator para a adoção das tarifas.
O Palácio do Planalto avalia que a sobretaxa representa uma tentativa de ingerência nos assuntos internos do país e já sinaliza reação contundente. Entre as alternativas discutidas estão o acionamento da Organização Mundial do Comércio (OMC) e medidas de retaliação, como a quebra de patentes de medicamentos e restrições a direitos autorais de produtos culturais dos EUA.
De acordo com dados oficiais, as exportações brasileiras para os Estados Unidos somaram US$ 20 bilhões no primeiro semestre de 2025, um crescimento de 4,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. O valor representa 12% de todas as exportações brasileiras no período.
A escalada comercial acende o alerta em Brasília e promete tensionar as relações diplomáticas entre os dois países. Lula pretende intensificar o diálogo com o setor produtivo para alinhar medidas e blindar a economia nacional de impactos mais severos. A pressão sobre a Casa Branca agora também virá de dentro: grandes empresas norte-americanas, dependentes de insumos brasileiros, já sinalizam preocupação com os efeitos da medida no próprio mercado interno dos EUA.
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*Com informações Folha de S.Paulo