Em meio à crise diplomática e comercial entre Brasil e Estados Unidos, a senadora Tereza Cristina (PP-MS) reagiu publicamente às críticas feitas pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que a acusou de ser autora de uma “lei inócua” — a Lei de Reciprocidade, aprovada para proteger o agronegócio e outros setores da economia nacional de tarifas internacionais.
Um dia após ser citada pelo filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, a ex-ministra da Agricultura foi à Comissão de Relações Exteriores do Senado, da qual é vice-presidente, para defender a legislação que relatou e reafirmar seu papel diante do tarifaço de 50% anunciado por Donald Trump contra produtos brasileiros. O encontro foi promovido pelo senador sul-mato-grossense Nelsinho Trad (PSD).
“Precisamos, nesse momento, de equilíbrio, pragmatismo e união em torno do interesse nacional”, disse Tereza Cristina. “A hora é de união; não de divisão. O Brasil é maior do que qualquer crise, e o Senado tem papel fundamental como defensor da nossa soberania, da nossa economia e dos muitos trabalhadores que podem perder os empregos se não lograrmos êxito nessas negociações.”
A Lei de Reciprocidade, aprovada pelo Congresso e sancionada neste ano, permite que o Brasil adote retaliações comerciais a países que impuserem barreiras a seus produtos — justamente o que pode ocorrer agora com a ofensiva de Trump, impulsionada por motivações econômicas e também políticas, como a perseguição judicial ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que pode ser condenado a até 43 anos de prisão.
Ataques da direita e críticas ao governo Lula
Em entrevista à Folha de S.Paulo, Eduardo Bolsonaro criticou a aprovação da lei e apontou Tereza Cristina como responsável por dar ao governo Lula um “instrumento político para posar de defensor da soberania”.
“O Congresso aprovou uma lei inócua. E me causa estranheza gente da direita apoiar o projeto de lei da reciprocidade, porque ainda dá a oportunidade de o Lula dizer que está agindo em nome das instituições brasileiras”, disparou o deputado, que vive atualmente nos Estados Unidos e é apontado como um dos articuladores informais do novo pacote de sanções americanas.
Apesar de pedir união nacional, Tereza Cristina também direcionou críticas ao governo federal. Segundo a senadora, o alinhamento de Lula ao BRICS e a tentativa de promover uma nova moeda internacional foram erros estratégicos. “O governo errou muito no protagonismo equivocado que deu ao BRICS. Falar em uma segunda moeda é um posicionamento político totalmente equivocado”, afirmou.
Ela não comentou a acusação feita por Trump de que a motivação do tarifaço seria uma resposta à “caça às bruxas” contra Bolsonaro, mas o cenário político torna-se ainda mais tenso com o avanço do julgamento do ex-presidente no Supremo Tribunal Federal. O Ministério Público já apresentou alegações finais em que pede sua condenação por tentativa de golpe, liderança de organização criminosa armada, dano ao patrimônio público e deterioração de bens tombados no 8 de Janeiro.
Com a crise internacional em curso, a Lei de Reciprocidade entra no centro do debate político e econômico, e a senadora sul-mato-grossense, considerada uma das vozes mais influentes do agronegócio no Congresso, tenta equilibrar a crítica ao governo Lula com a defesa dos interesses nacionais.
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*Com informações Correio do Estado