
O descarte irregular de lixo em Campo Grande voltou ao centro das atenções nesta segunda-feira (3) durante Audiência Pública na Câmara Municipal. Proposta pelo vereador Veterinário Francisco, a reunião expôs a gravidade da situação, apontando bairros tomados por entulho, ruas intransitáveis e falhas crônicas na fiscalização municipal.
Segundo Francisco, áreas como margens do Rio Anhanduí, Avenida Ernesto Geisel, Rua Lindoia, Vila Marli e o anel rodoviário entre Rochedo e Jaraguari estão em situação crítica. “Os moradores estão cansados de conviver com lixo, restos de obra e pouca fiscalização. Isso desvaloriza o bairro, coloca vidas em risco e corrói a qualidade de vida na cidade”, afirmou.
O vereador criticou duramente a ausência de secretários municipais no debate e exigiu medidas concretas, cobrando políticas públicas de fiscalização e educação ambiental. Ele propõe a criação de “ecopontões” em todas as regiões da cidade, além de ampliar a capacidade dos ecopontos já existentes — hoje apenas cinco — para evitar que o lixo se acumule nas ruas.
Exemplos de sucesso foram apresentados, como o programa de coleta seletiva do Hospital São Julião e da Escola Padre Franco Delpiano, que já foi premiado pelo Instituto Lixo Zero. O gestor Bruno Maddalena sugeriu a criação de um Comitê Técnico para coordenar a gestão de resíduos em escolas, hospitais e instituições públicas.
O promotor Luiz Antônio Freitas de Almeida enfatizou a necessidade de repressão rigorosa ao descarte clandestino, especialmente em terrenos abandonados, que viram verdadeiros lixões. Neste ano, a Patrulha Ambiental da Guarda Civil Metropolitana registrou 68 flagrantes e aplicou R$ 225 mil em multas, mas o efetivo limitado ainda deixa lacunas na fiscalização.
O impacto do lixo irregular sobre os mananciais e a rede de esgoto é imediato. Daniel dos Santos, da Águas Guariroba, alertou que o lixo entope galerias, provoca alagamentos e aumenta o custo do tratamento da água. “O que é descartado nas ruas não desaparece, vai para os mananciais e para a rede de esgoto, causando prejuízo para toda a cidade”, declarou.
Apesar de Campo Grande ter 100% da área urbana com coleta domiciliar e 77% com coleta seletiva porta a porta, segundo o superintendente da Solurb, Elcio Terra, os problemas persistem. Especialistas e vereadores reforçam que, sem fiscalização efetiva, conscientização da população e ação imediata da Prefeitura, a cidade corre o risco de ver o lixo dominar ruas e bairros inteiros, prejudicando saúde, segurança e qualidade de vida.
Receba as principais notícias do Brasil pelo WhatsApp. Clique aqui para entrar na lista VIP do WK Notícias.