Sábado, 13 de Setembro de 2025

Delegado da PF acusa Silvia Waiãpi por "crime de opinião"

Ao divulgar vídeo sobre a invasão nos Três Poderes no dia 8 de janeiro

25/03/2023 às 08h08
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Waiãpi: “Povo toma a Esplanada dos Ministérios nesse domingo!
Waiãpi: “Povo toma a Esplanada dos Ministérios nesse domingo!"

O delegado, Alexandre Bessa, da Polícia Federal (PF) concluiu que a deputada Silvia Waiãpi (PL-AP) cometeu crime ao divulgar um vídeo nas redes sociais com imagens da invasão do Congresso no dia 8 de janeiro, que supostamente seria como incentivos aos atos, embora milhares de brasileiros propagaram as imagens que foram compartilhadas até no exterior.

Delegado, Alexandre Bessa, da Polícia Federal

Waiãpi publicou o material em seu perfil no Instagram acompanhado da legenda:

“Povo toma a Esplanada dos Ministérios nesse domingo! Tomada de poder pelo povo brasileiro insatisfeito com o governo vermelho.”

Para a PF, em relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), houve “crime de opinião”. A corporação, no entanto, disse ser papel do Ministério Público Federal (MPF) indicar o tipo penal específico em eventual denúncia.

“Certamente a conduta está classificada como crime de opinião previsto no Título IX da parte especial do Código Penal Brasileiro, cujo enquadramento do tipo penal está afeto ao Ministério Público Federal na formação da opinio delicti”, disse o delegado da PF Alexandre Bessa, no relatório.

A deputada relatou no inquérito que as imagens foram obtidas em um grupo de WhatsApp. Ela disse aos investigadores que estava no Rio de Janeiro na data dos atos em Brasília.

“Inquirida pela Polícia Federal, a investigada reconheceu que fez a postagem questionada, mas negou que tenha participado da manifestação e pronunciado as frases que são ditas no vídeo, apresentando documentos que indicariam estar na Cidade do Rio de Janeiro no dia 08/01/2023”, diz trecho do relatório da PF.

“No caso, a parlamentar afirmou que teve acesso ao vídeo que versava sobre a invasão ao Congresso Nacional em um grupo de WhatsApp, e este estaria público e disseminado na internet e nas redes sociais. De fato, a investigação teve conhecimento de postagens com o mesmo conteúdo que foi divulgado pela parlamentar”.

Censura

Segundo o delegado da PF, embora a deputada tenha argumentado que a postagem teve “sentido jornalístico”, seria “inegável” o apoio e aprovação à ação criminosa contida na legenda inserida à publicação.

O relatório também afirma que, na época da postagem, a parlamentar “não estava diplomada como Deputada Federal, não sendo revestida da imunidade penal pelas opiniões, palavras e votos”.

A PF ainda apontou que, em pesquisa feita no começo de março, que não encontrou “postagens com o intuito de convocar ou incitar pessoas contra o Estado Democrático de Direito”, referindo-se a população que manifesta insatisfação contra o Governo Lula.

Talvez, o delegado não tenha acessado as redes sociais convecionais, como: Instagram, Facebook, Twitter, YouTube, TikTok e até mesmo, o Kwai, que expressão opiniões contrárias ao atual governo.

“Contudo, a pesquisa ocorreu praticamente dois meses após os atentados, e face às poucas publicações hoje existentes, é possível que a parlamentar tenha removido algum material comprometedor”.

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