Domingo, 09 de Novembro de 2025

Servidores da Abin que espionavam celulares ilegalmente são presos pela PF

Serão cumpridos pelos agentes dois mandados de prisão e 25 de busca e apreensão, além de medidas cautelares diversas da prisão, expedidos pelo STF

20/10/2023 às 09h31
Por: Tatiana Lemes
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Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Foi deflagrada na manhã desta sexta-feira (20), pela PF (Polícia Federal) a Operação Última Milha para investigar o uso indevido de sistema de geolocalização de celulares sem autorização da Justiça por servidores da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).

Serão cumpridos pelos agentes dois mandados de prisão e 25 de busca e apreensão, além de medidas cautelares diversas da prisão, expedidos pelo STF (Supremo tribunal Federal), nos estados de São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.

De acordo com o site Metrópoles, um dos presos é Rodrigo Colli, profissional da área de contrainteligência cibernética da agência. O outro é o oficial de inteligência Eduardo Arthur Izycki.

Segundo as investigações, o sistema de geolocalização usado pela Abin é um software intrusivo na infraestrutura crítica de telefonia brasileira. A rede de telefonia teria sido invadida diversas vezes, com a utilização do serviço adquirido com recursos públicos.

Entre os alvos que teriam sido monitorados estão jornalistas, políticos e adversários da gestão de Jair Bolsonaro (PL).

Apura-se ainda, além do uso indevido do sistema, a atuação de dois servidores da Abin que respondiam a processo administrativo disciplinar, com risco de perderem o emprego. Conforme a investigação, eles teriam utilizado o conhecimento sobre o uso indevido do sistema como meio de coerção indireta para evitar a demissão.

Os investigados podem responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.

Conforme a agência, o contrato de uso de software de localização teve início no fim de 2018, ainda no governo Michel Temer, e foi encerrado em 8 de maio de 2021. O programa chamado FirstMile, foi comprado por R$ 5,7 milhoes da empresa israelense Cognyte, com dispensa de licitação.

A ferramenta permitia o monitoramento de até 10 mil celulares a cada 12 meses, bastando digitar o número da pessoa. Além disso, a aplicação criava históricos de deslocamentos e alertas em tempo real da movimentação dos aparelhos cadastrados.

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