O clima é de expectativa e tensão em Brasília e Washington. O encontro entre o chanceler brasileiro Mauro Vieira e o secretário de Estado americano Marco Rubio, marcado para esta quinta-feira (16) na Casa Branca, promete definir os rumos da delicada reaproximação entre Brasil e Estados Unidos.
Fontes do Palácio do Planalto e do Itamaraty admitem que o governo Lula encara a reunião como um divisor de águas. A postura de Rubio é considerada uma “incógnita” — e será decisiva para determinar se o diálogo entre os dois países seguirá por um caminho diplomático e pragmático ou se será contaminado por tensões ideológicas.
Apesar do otimismo moderado em torno da revisão das sanções econômicas impostas pelos EUA, há temor de que o secretário americano endureça o tom, priorizando temas políticos. Isso porque, na véspera, o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, afirmou que as tarifas aplicadas ao Brasil — que chegam a 40% — estão relacionadas a “sérias preocupações com o Estado de Direito, censura e direitos humanos”.
Sem citar nomes, Greer fez referência velada às decisões do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que levaram à aplicação de sanções sob a Lei Magnitsky, atingindo o magistrado e sua esposa. As declarações repercutiram fortemente no Brasil e animaram setores da direita, que veem o gesto como um alerta à postura do Supremo e um recado direto ao governo Lula.
Enquanto o Planalto tenta manter a diplomacia, bolsonaristas apostam que Rubio trará à mesa “temas espinhosos”, como Venezuela, China e as acusações de censura no país.
A pressão aumentou após a visita do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do jornalista Paulo Figueiredo ao Departamento de Estado dos EUA, na quarta-feira (15). Em vídeo divulgado após o encontro, Figueiredo afirmou que a direita brasileira ainda tem “portas abertas” em Washington. Eduardo reforçou o discurso, dizendo acreditar que os EUA seguirão “trabalhando para reduzir o poder de regimes totalitários”.
Do lado brasileiro, além de Vieira, participam da reunião a embaixadora Maria Luiza Viotti, o secretário de Meio Ambiente e Energia Maurício Lyrio e o secretário de Assuntos Econômicos Philip Fox-Drummond Gough.
Entre cautela e desconfiança, o resultado do encontro deve indicar se o governo Lula conseguirá sustentar sua estratégia de reaproximação com os Estados Unidos de Donald Trump, ou se o episódio marcará o início de um novo impasse diplomático entre os dois países.
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*Com informações CNN